A Rússia disse nesta terça-feira, 6, que os EUA estão ignorando suas preocupações a respeitos dos planos americanos de construir um sistema antimísseis perto das fronteiras russas. A questão do escudo balístico é uma das que mais provoca atritos entres Moscou e Washington.
Enquanto o presidente americano, Barack Obama, elogiou a Rússia no ano passado por abandonar os antigos planos dos EUA sobre mísseis, o porta-voz do Ministério de Exteriores russo, Andrei Nesterenko, disse que Moscou tem preocupações sobre os novos projetos.
Em comunicado, Nesterenko disse que “já está claro que os novos projetos consideram a instalação de um sistema de mísseis na Europa sem levar em consideração os interesses russos”.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, visitou a Polônia neste sábado, momento em que foi assinado um acordo permitindo a instalação de interceptadores de mísseis americanos no país europeu.
Nesterenko disse que apesar das promessas de cooperação para que não haja ameaças e potenciais respostas, “parece que o lado americano começou a instalar elementos de seus sistema balístico de defesa baseado em decisões próprias, não mútuas.” As declarações sugerem que o assunto ainda pode gerar atrito entre Moscou e Washington.
Obama abandonou um projeto de se antecessor, George W. Bush, de instalar um sistema de interceptadores de longa distância na Polônia e um radar na República Checa como parte de uma campanha para “restabelecer” as relações com a Rússia, optando por dispositivos de menor alcance.
Tanto o governo de Obama quanto o de Bush disseram que o sistema é necessário para proteger os EUA e seus aliados de potenciais ataques vindos de países como o Irã. Nesterenko, porém, disse que as afirmações dos EUA de que o sistema não representam um risco para a Rússia não são justificativas suficientes. “Estamos certos de que a Europa não está ameaçada, e nem estará em um futuro próximo”, disse o porta-voz.
A Rússia alertou que pode deixar o novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês) assinado em abril caso os EUA prossigam com os planos de instalar o sistema antimísseis.