O governo da Venezuela informou nesta sexta-feira que está convocando seu embaixador em Bogotá para consultas após as acusações do governo da Colômbia de que haveria líderes guerrilheiros abrigados em território venezuelano.

Em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que a medida foi tomada para que sejam avaliadas ações “políticas e diplomáticas” em resposta às acusações.

O chanceler afirmou ainda que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, pretende “dinamitar” a possibilidade de reaproximação entre os dois países antes de finalizar seu mandato.

Pouco antes, o governo da Venezuela já havia divulgado uma nota rebatendo as acusações e classificando-as como “uma tentativa desesperada de minar a normalização das relações entre os dois países”.

O documento, que faz duras críticas a Álvaro Uribe, afirma que, caso esta “situação continue”, serão tomadas “medidas políticas e diplomáticas firmes e contundentes”.

Tensão

A retomada na tensão entre os dois países teve início na quinta-feira, quando governo da Colômbia afirmou ter “evidências” de que vários importantes líderes e integrantes dos grupos guerrilheiros Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN) estão na Venezuela.

Pouco depois, o ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, teria apresentado a meios de comunicação do país fotos, vídeos e outros documentos que comprovariam a presença dos guerrilheiros em território venezuelano.

Em resposta, o governo venezuelano divulgou um comunicado onde classifica as acusações como um “patético espetáculo midiático” e afirma que, sempre que houve acusações de que haveria guerrilheiros em seu território, foram feitas “as verificações necessárias e constatada sistematicamente a falsidade de tais informações”.

Uribe

As novas acusações surgem nos últimos dias do mandato do presidente colombiano Álvaro Uribe, após a vitória de seu ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos nas eleições presidenciais do mês passado.

Logo após sua vitória, Santos havia sinalizado a intenção de melhorar as relações com a Venezuela.

Os dois países já estavam ensaiando uma reaproximação, após o congelamento de suas relações comerciais e diplomáticas no ano passado, em resposta ao acordo militar firmado entre Estados Unidos e Colômbia que permite a presença de tropas americanas em bases militares colombianas.

Após as denúncias, ainda na quinta-feira, o presidente eleito da Colômbia afirmou que sabia da presença de guerrilheiros colombianos na Venezuela, mas se declarou disposto a dialogar.

“Por que não restabelecer o diálogo para ver, por exemplo, como podemos resolver o problema que está sobre a mesa, da presença de terroristas em território venezuelano”, disse Santos.

No comunicado divulgado nesta sexta-feira, a chancelaria da Venezuela afirmou esperar que o novo governo colombiano “acolha como prioridade as proposta de um plano de paz para a Colômbia”.