“Poderia dizer, sem ironizar, que o Senado pecou, sim, gravemente, em agosto de 2005, quando deixou de avaliar a hipótese de instaurar um processo de impeachment do presidente da República, diante do escândalo monumental do mensalão, que sacudiu e indignou o povo brasileiro.” Foi assim que, da tribuna do Plenário, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) rebateu ontem (2) a acusação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que durante o seu mandato foi ofendido pelo Senado.
Durante comício realizado em Boca Maldita, em Curitiba (PR), no sábado passado (31), Lula disse em palanque: “Peço a Deus que essa companheira não tenha o Senado que eu tive, um Senado que ofenda o governo, como eu fui ofendido”. Para Lula, o Congresso derrubou a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), em 2007, “por mesquinharia”, pensando em prejudicá-lo.
Lula atacou ainda os senadores em discurso no último dia 24 de julho em sua terra natal, Garanhuns (PE). “Se eu for falar do que o Senado fez comigo, do que os senadores de Pernambuco fizeram comigo… os senadores daqui não respeitaram os R$ 40 bilhões da CPMF que eles tiraram da saúde”, atacou o presidente, ao lado da candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Alvaro Dias assinalou que defender convicções, exercitar o mandato parlamentar com liberdade e exigir interdependência entre os poderes não é ofensa ao presidente da República.
“O Senado ofende a Nação quando não ataca os problemas cruciais, quando não aponta as falcatruas que ocorrem e os desvios monumentais e históricos que vivencia o poder público no país. O presidente usa um linguajar oportunista quando agride esta instituição. Ao invés de resguardar o conceito e a credibilidade do Senado, o presidente faz é abortar comissões parlamentares de inquérito para impedir investigação”, afirmou Alvaro Dias.