Em julho de 2000, transformações radicais começaram a ser feitas em área de 100 hectares do bairro histórico de Recife (PE) com o objetivo de não apenas revitalizar os espaços urbanos degradados do local, mas de transformá-lo no primeiro centro integrado de tecnologia do Brasil. Dez anos depois, o Porto Digital é o resultado de um projeto de desenvolvimento econômico que reúne os governos federal e estadual, a iniciativa privada e as universidades em torno da tecnologia da informação e da comunicação, também conhecida pela sigla TIC.
Voltado basicamente para a produção de programas de computador (sofwares) e para os variados serviços que envolvem a sofisticada tecnologia da computação, o Porto Digital transformou o bairro histórico da capital pernambucana numa referência mundial neste setor e gerou, até agora, quatro mil empregos, além de revitalizar a área onde está instalado.
Atualmente, o Porto Digital reúne 130 instituições. Entre elas estão 10 empresas de outros estados brasileiros, quatro multinacionais – IBM, Motorola, Samsung, Nokia, Dell e Microsoft – e quatro centros de tecnologia, além de empresas de fomento como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Recife entrou para o reduzido clube de cidades do mundo que mantêm centros identificados por nomes diferentes, mas dotados da mesma estrutura e objetivos: impulsionar o conhecimento e multiplicar a oferta de qualidade em carreiras científicas e tecnológicas, além de transformar espaços urbanos desvalorizados em novas possibilidades para a instalação do comércio e para a geração de empregos locais. Até agora, o clube era formado por sete membros: Recife; Nova York e Los Angeles, nos Estados Unidos; Dublin, na Irlanda; Barcelona, na Espanha; Shangai, na China; e Bangalore, na Índia.
O oitavo membro deste sofisticado clube é a Cidade Autônoma de Buenos Aires. Desde 2008, quando a Câmara local aprovou o projeto, a prefeitura local impulsiona a implantação do Distrito Tecnológico da capital argentina, que tem como modelo o Porto Digital de Recife e as demais instituições espalhadas pelo mundo. Atendendo a convite da prefeitura portenha, a Agência Brasil visitou o local onde o distrito está instalado e começa a receber as primeiras empresas especializadas em tecnologia da informação e da comunicação.
O bairro escolhido para sediar o complexo tecnológico é conhecido como Parque de Los Patrícios, localizado na região sul de Buenos Aires. Antigamente um distrito industrial, Los Patrícios é formado hoje por prédios e galpões desativados que podem ser comprados ou alugados pelas empresas nacionais e internacionais que se interessarem por investir no projeto. A exemplo do que aconteceu em Recife – onde a prefeitura concedeu incentivos fiscais como, por exemplo, a redução de 5% para 2% do Imposto sobre Serviços (ISS) para as empresas instaladas no Porto Digital -, a prefeitura portenha concede incentivos e benefícios e planeja investir US$ 208 milhões até 2012 para impulsionar o projeto.
A visita ao Distrito Tecnológico de Buenos Aires foi organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico da Argentina e também contou com a presença de Ana Paula Kobe, chefe do setor de Ciência e Tecnologia da embaixada brasileira em Buenos Aires, e do conselheiro econômico Manuel Montenegro. De acordo com José Nuñez, coordenador de investimentos do ministério argentino, o contato com a Embaixada do Brasil “integra o trabalho que estamos realizando desde o ano passado para informar detalhes sobre o Distrito Tecnológico. Acreditamos que este contato nos vincula ao Brasil como nosso sócio estratégico para o crescimento da cidade de Buenos Aires”.
O Distrito Tecnológico portenho já inclui em seu projeto a primeira empresa internacional interessada nas possibilidades oferecidas pelo novo mercado. Trata-se da indiana Tata, instalada em Buenos Aires desde o ano passado e que inaugurou oficialmente os trabalhos tecnológicos no Parque de Los Patrícios. Desde então, mais de 400 empresas e instituições nacionais e internacionais já visitaram o distrito.