Drogas como o LSD ou cogumelos alucinógenos poderiam ser combinadas a psicoterapia para tratar pessoas que sofrem de depressão, distúrbios compulsivos ou dor crônica, sugeriram cientistas suíços nesta quarta-feira, 18.
Cientistas testam drogas psicodélicas contra ansiedade e trauma
Pesquisas sobre o efeito dos psicodélicos, usados no passado na psiquiatria, foram restringidos nas últimas décadas, por causa da conotação negativa das drogas, mas cientistas dizem que mais estudos no potencial clínico dessas substâncias são justificados.
Os pesquisadores disseram que estudos recentes de imagem do cérebro mostram que psicodélicos como o LSD, a quetamina e a psilocibina – o componente ativo das drogas conhecidas como “cogumelos mágicos” – agem no cérebro de forma a reduzir os sintomas de diversos distúrbios psiquiátricos.
As drogas poderiam ser usadas como uma espécie de catalisador, dizem os cientistas, ajudando os pacientes a alterar a percepção que têm de seus problemas ou dos níveis de dor, e então trabalhar com o terapeuta comportamental ou psicoterapeuta para enfrentar a situação de uma forma nova.
“Psicodélicos podem dar aos pacientes uma nova perspectiva – principalmente quando memórias reprimidas emergem – e eles podem trabalhar com essa experiência”, disse Franz Vollenweider, do Hospital Universitário de Psiquiatria, em Zurique.
Ele é autor de um artigo sobre a questão, publicado na revista Nature Neuroscience.
Dependendo do tipo de pessoa que toma a droga, da dose e da situação, psicodélicos podem ter um amplo espectro de efeitos, dizem especialistas, indo da sensação de alegria e plenitude, num extremo, a sentimentos de pânico e ansiedade, no outro.
Vollenweider e seu colega Michael Kometer dizem que evidências de estudos anteriores sugerem que as drogas podem ajudar a aliviar problemas de saúde mental ao afetar circuitos do cérebro que, é sabido, são alterados em quadros de depressão e ansiedade.
Mas se os médicos passarem a receitar essas substâncias, será necessário manter a dose baixa e o uso limitado a um curto intervalo de tempo, sempre com acompanhamento terapêutico, afirmam.