A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse hoje (4) que o financiamento da saúde no Brasil é um grande problema, que se agravou com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) – extinta no final de 2007.

“Essa discussão sobre o financiamento da saúde é realmente muito importante. Ninguém pode achar que temos hoje uma situação confortável tendo a saúde perdido R$ 40 bilhões”, disse a ministra ao final de uma visita que fez pela manhã, à unidade de Brasília da rede de hospitais de reabilitação Sarah.

Na visita, Dilma estava acompanhada pela primeira-dama Marisa Letícia e pelo ex-ministro da Fazenda, deputado Antonio Palocci (PT-SP). É a primeira vez que a primeira-dama participa de uma atividade de campanha ao lado de Dilma. Elas cumprimentaram pacientes e conversaram com as mães que acompanhavam as crianças.

A CPMF, que ficou conhecida como imposto sobre cheques, foi criada em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tentou renová-la, mas acabou perdendo a batalha para a oposição no Congresso e o tributo foi extinto. Atualmente está em tramitação o projeto que cria a Contribuição Social para a Saúde (CSS). A matéria também conta com a rejeição dos partidos de oposição.

“Teríamos que fazer o possível e o impossível com os recursos que conseguimos obter no momento. Perdemos os R$ 40 bilhões e a partir de agora vamos ter que fazer um esforço para transferir para a área da saúde mais recursos do Orçamento”, disse a candidata que evitou comentar a criação da CSS.

O financiamento não foi o único problema destacado por Dilma. Ela ainda ressaltou a necessidade de melhorar a gestão da saúde. “Geralmente, onde há problema, há dois tipos. As vezes mais de dinheiro que de gestão, as vezes mais de gestão de que de dinheiro. Agora eu acredito que muita coisa se pode fazer melhorando gestão.”

A Rede Sarah é mantida com dinheiro de emendas parlamentares ao Orçamento da União. No ano passado, recebeu mais de R$ 500 milhões e fez mais de 20 milhões de procedimentos. Para este ano, a previsão é que a rede receba cerca de R$ 600 milhões. O hospital tem, ao todo, nove unidades (Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Ceará, Amapá, Pará e no Distrito Federal).

Dilma preferiu não adiantar os pontos fundamentais do seu programa para a área de saúde, que deverá ser divulgado dentro de duas semanas, segundo a própria candidata. Ela disse que o programa terá como base a atenção básica, a prevenção de doenças como o câncer e o atendimento às mães e crianças. “Estou muito interessada em dois pontos: nos centros de referência para prevenção de câncer e no tratamento da mãe da criança, começando no pré-natal e indo até o neonatal”, disse a candidata que chegou a adiantar o nome do novo projeto de saúde. “Vai se chamar Rede Cegonha”, disse.

A candidata ainda ressaltou que a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) acertou na ampliação das unidades básicas de Saúde e também de pronto-atendimento. A candidata ainda ressaltou que a criação do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) foi também um ponto positivo e que, se eleita, investirá na preparação de ambulâncias do Samu para atendimento à mulher e ao recém-nascido.

Na saída, Dilma disse que se sentia muito tranquila para participar do primeiro debate na televisão que ocorrerá amanhã (5) em São Paulo, promovido pela TV Bandeirantes. “Ao longo da minha vida eu asseguro que tive problemas muito mais graves que um debate. Estou tendo um treinamento muito duro com vocês”, disse Dilma se referindo, com bom humor, aos jornalistas.