Por ter sido um dos países que se recuperaram mais rapidamente da crise, o Brasil crescerá 7,1% em 2010, anunciou hoje (5) o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o órgão, no entanto, as autoridades brasileiras terão de manter uma política monetária e fiscal “cuidadosa” para impedir que a economia fuja do controle, o que acarretaria uma disparada da inflação ou um possível superaquecimento.
A avaliação sobre a economia brasileira foi divulgada hoje (5), no site da entidade, num artigo que traz as observações de técnicos do FMI que visitaram o Brasil no primeiro semestre.
De acordo com relatório publicado pelo fundo, a retirada gradual de algumas reduções de impostos concedidas no ano passado para estimular a economia ajuda a conter o crescimento. O FMI recomendou que o governo brasileiro “mantenha os esforços para reduzir as despesas públicas”, como o bloqueio adicional de R$ 7,4 bilhões do Orçamento anunciado no fim de maio.
Embora elogie algumas iniciativas do governo, o FMI sugeriu que os empréstimos concedidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujo capital foi ampliado em R$ 180 bilhões desde o início de 2009, sejam restringidos. Na avaliação do órgão, esses empréstimos têm efeitos semelhantes aos dos gastos fiscais.
Para o Fundo Monetário, a principal dificuldade do Brasil está na administração da política monetária depois da crise econômica. Isso porque o aumento dos juros estimula a entrada de capitais internacionais, que buscam no país uma oportunidade de lucro em meio à lenta recuperação de vários países desenvolvidos e ao agravamento da crise na Europa.
Esses recursos externos contribuem para reduzir o câmbio e aumentar o consumo, o que se contrapõe ao objetivo do Banco Central de aumentar os juros para conter o crescimento econômico. A entrada de recursos externos contribui para a ampliação das reservas internacionais, mas o FMI pediu que o Brasil observe cuidadosamente os juros para impedir os riscos de maior valorização do câmbio.
Apesar de superar os 7% de crescimento, a estimativa do FMI é menor que a de alguns setores do governo brasileiro. No fim de junho, o Banco Central projetou, no Relatório de Inflação, crescimento de 7,3% para este ano. Há três semanas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que a pasta prevê expansão entre 6,5% e 7%.