O Irã sinalizou nesta terça-feira que deve rejeitar a oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de refúgio a uma mulher iraniana condenada à morte por apedrejamento por adultério. O caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, deu início a clamores internacionais que fizeram com que o Irã adiasse, pelo menos temporariamente, o apedrejamento da condenada. Mas Ashtiani, que tem dois filhos, ainda pode ser enforcada.

“Até onde sabemos (o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula) da Silva é uma pessoa muito humana e emocional, que provavelmente não recebeu informação suficiente sobre o caso”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast. “O que podemos fazer é fornecer a ele os detalhes do caso desta pessoa que cometeu um crime, para que ele (Lula) possa entendê-lo”, disse o porta-voz, lembrando que se trata de “uma criminosa condenada”. O Irã disse que a mulher também foi condenada por assassinato.

Os clamores sobre a sentença de morte é uma das últimas divergências no relacionamento do Irã com a comunidade internacional. Estados Unidos, Grã-Bretanha e grupos de direitos humanos internacionais pediram a Teerã que cancelem a execução. “Se o Brasil estiver disposto a aceitar esta mulher, esperamos que o Irã considere a medida como gesto humanitário”, disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Philip Crowley. “Esperamos que o Irã considere o fato de o Brasil ter se apresentado e indicado o desejo de resolver a questão.”

No sábado, Lula disse que o Brasil poderia conceder asilo político a Ashtiani. O governo brasileiro se aproximou de Teerã nos últimos anos e trabalhou com a Turquia na formulação de uma proposta com o objetivo de resolver a questão do programa nuclear iraniano com o Ocidente. Os Estados Unidos e seus aliados acusam o Irã de usar seu programa nuclear civil para acobertar o desenvolvimento de armas atômicas. O Irã nega a acusação e afirma que o programa tem objetivos pacíficos como a geração de energia elétrica.