O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, Ramin Mehmanparast, acusou hoje (17) os Estados Unidos e seus aliados de incentivar a “iranofobia” e as restrições aos países muçulmanos no mundo. Em entrevista semanal, Mehmanparast disse que há uma campanha mundial para estimular o medo contra essas nações e a militarização anti-Irã e contra os muçulmanos em geral. As informações são da rede estatal de televisão iraniana, a PressTV.
Mehmanparast apelou aos vizinhos do Irã para que se mantenham “vigilantes” e “unidos” para evitar a concretização de ameaças dos “inimigos”. Segundo ele, os Estados Unidos planejam vender US$ 60 bilhões em armas para os países árabes do Golfo Pérsico para municiá-los contra o Irã.
“As autoridades iranianas têm dito repetidamente que as ameaças [contra os países] na região [do Oriente Médio] destinam-se à islamofobia e iranofoia”, disse o porta-voz. “Há um chamamento dos Estados Unidos [para isso]”, acrescentou. “O objetivo é proporcionar condições para vender suas armas.”
A reação do governo iraniano ocorre no momento em que o Irã é alvo de pressões internacionais sobre dois temas diferentes: o programa nuclear suspeito de produção secreta de armas atômicas e a condenação à morte por apedrejamento da viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani acusada de adultério e posteriormente assassinato.
Ontem (16) a Embaixada do Irã reagiu de forma veemente à oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a Ashtiani seja enviada ao Brasil. Em uma nota oficial, de dez parágrafos, o governo iraniano sugere que, se há a intenção de abrigar a viúva, o Brasil deve criar uma área destinada a “criminosos e assassinos” estrangeiros no país.
“Será que a sociedade brasileira e o Brasil têm que ter, no futuro, um lugar dos criminosos de outros países em seu território? Se a concessão do exílio aos criminosos e assassinos tornar-se um hábito para os países, será que isso não prejudicará o papel dos sistemas jurídicos desses países?”, indaga a nota.
Lula liderou uma série de negociações em favor do Irã. O Brasil mediou o acordo para a troca de urânio iraniano e também votou contra as sanções aos iranianos no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Desde junho, o Irã está submetido a restrições econômicas impostas pelas Nações Unidas, pela União Europeia, pelo Canadá e pelos Estados Unidos.