A jornalista peruana Vicky Peláez, expulsa dos Estados Unidos e acusada de integrar uma rede de espionagem em favor da Rússia, foi processada em Lima por falsificação de documentos e corrupção de funcionários, informou a Procuradoria Anticorrupção do Peru nesta sexta-feira.

Peláez, que está em Moscou, tem duas datas de nascimento com nomes diferentes e uma certidão de casamento onde aparecem dados que não correspondem à verdade, além de ingressos no Peru sem ter registrado sua saída, segundo disse o procurador anticorrupção Jorge Caldas.

A Procuradoria determinou que a polícia especializada contra a corrupção encarregue-se do tema e, se a acusada entrar no país, terá de responder às acusações da polícia, disse Caldas.

“Se nas investigações forem encontrados indícios razoáveis da procuradoria, poderá ser determinada prisão preventiva”, disse o funcionário.

A jornalista Vicky Peláez, 55, trabalhou durante mais de duas décadas no jornal hispânico La Prensa de Nova York, cidade na qual tinha familiares, amigos e dois filhos.

Natural da cidade peruana de Cusco, Peláez foi acusada de fazer parte da rede de 11 espiões russos desmantelada em junho passado pelo FBI. Ela era casada com outro agente, o russo Mikhaíl Vasenkov, que se fazia passar por um “peruano nascido no Uruguai” sob o nome falso de “Juan Lázaro”.

Devido a este caso, os acusados foram entregues por Washington a Moscou em 9 de julho em Viena, como parte de uma troca de agentes, algo que não ocorria desde a época da Guerra Fria.

A Rússia prometeu a Peláez, assim como a outros envolvidos, alojamento, US$ 2.000 mensais, vistos para receber a visita de seus filhos e a possibilidade de viajar ao exterior, incluindo ao Peru.

No entanto, a jornalista, que não fala russo, disse que preferia radicar-se no Peru, segundo informou em Nova York seu advogado, John Rodríguez, que disse que ela quer escrever a crônica de sua própria deportação, a história de sua vida, onde há drama, romance e espionagem.