O governo do presidente do México, Felipe Calderón, comprometeu-se a pagar o transporte dos 31 corpos já identificados, das 72 vítimas do massacre ocorrido há cerca de uma semana na região fronteiriça do país com os Estados Unidos. O cônsul-geral do Brasil no México, Márcio Araújo Lage, disse hoje (31) à Agência Brasil que as despesas com o traslado incluem o corpo do único brasileiro identificado.
Lage afirmou que a Embaixada do Brasil dispõe de informações de que já foi expedido o documento de certidão de óbito do único brasileiro identificado, Juliard Aires Fernandes, de 20 anos. Ele aguarda, porém, para hoje avanços na identificação de mais corpos, inclusive de outro brasileiro, Hermínio Cardoso dos Santos, de 24 anos, cujos documentos foram encontrados na fazenda em Reynosa, onde ocorreu a chacina. “A família do Juliard disse que eles dois viajaram juntos, por isso aguardamos a identificação”, disse o cônsul.
Os 41 corpos que aguardam identificação devem ser submetidos a exames de DNA, segundo Lage. De acordo com o diplomata, a Embaixada do Brasil solicitou a adoção desse tipo de exame em decorrência das dificuldades de identificação. Ele advertiu, porém, que isso deve levar mais tempo ainda. “Tudo depende da cooperação das famílias e também dos procedimentos dos laboratórios envolvidos”.
Dos 31 corpos já identificados, 14 são de Honduras, 12 de El Salvador e quatro da Guatemala. O equatoriano Freddy Lala, que sobreviveu ao massacre, contou que os 58 homens e as 14 mulheres viajavam a caminho dos Estados Unidos quando foram sequestrados pelo grupo de criminosos e mortos a tiros. De acordo com testemunho dele, os 72 imigrantes se recusaram a trabalhar para os sequestradores, por isso foram assassinados.
Os corpos foram localizados há cerca de uma semana em uma fazenda em Reynosa, próxima à cidade de San Fernando, no estado de Tamaulipas, na fronteira entre o México e os Estados Unidos. A região é considerada tão violenta que os diplomatas estrangeiros receberam recomendações das autoridades mexicanas para acompanhar os trabalhos distante do local.
“Fomos [os diplomatas do Brasil e outros latino-americanos) até Reynosa. Hoje estou na Cidade do México em busca de mais informações”, disse o cônsul, lembrando que no país são duas horas a menos do que no Brasil.
Os policiais encontraram as vítimas amordaçadas, com as mãos e os pés amarrados, além dos olhos vendados. Todas foram colocadas de costas para as paredes. A previsão é de que todos os corpos cheguem ainda hoje à capital mexicana, afirmou o diplomata brasileiro.