As mortes provocadas por câncer de mama caíram mais de 20% em 15 países europeus nas últimas duas décadas, com uma redução de quase um terço no Reino Unido, segundo estudo publicado nesta quinta-feira.

No entanto, a mortalidade por câncer de mama no leste europeu foi descrito como “catastrófico”.

A revisão de casos em 30 países, realizada por cientistas franceses, encontrou grandes quedas no número de mulheres mortas por câncer de mama, particularmente na Grã-Bretanha e na Islândia.

As taxas de mortalidade nos 30 países caíram em um quinto para 24 por 100 mil mortes, e a Espanha teve a menor proporção, de 18,9 por 100 mil.

A taxa britânica sobre 100.000 óbitos caiu de 41,6 para 28,2, embora ainda esteja muito atrás de países como Alemanha e França.

O estudo examinou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre taxas de mortes por câncer de 1989 a 2006, junto com informações dos países separadamente.

Cientistas da Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer, em Lyon, na França, atribuíram os bons resultados no Reino Unido a uma melhora nos procesos de varredura e cuidados com pacientes.

“Os ingleses ficaram realmente chocados com taxas de mortalidade por câncer de mama extremamente altas no final dos anos 1980, mas pegaram o touro pelos chifres”, disse à AFP Philippe Autier, que dirigiu os estudos.

“Eles fizeram o que precisavam para ter sucesso e compreenderam que precisavam fazê-lo de uma forma concertada”, acrescentou.

Ele previu que no prazo de três anos, o Reino Unido – há muito considerado um dos piores em termos de sobrevida ao câncer de mama entre os maiores países da Europa – terá uma taxa de sobrevivência à doença melhor do que a França.

As taxas de mortalidade em França, Finlândia e Suécia caíram, respectivamente, 11%, 12% e 16% desde os anos 1980, mas Autier explicou que os resultados eram desanimadores, considerando o investimento em tratamento de câncer nestes três países.

“Há três países que realmente nos supreenderam. Há uma necessidade real de revisar o sistema”, alertou o especialista.

Autier disse que a França tem empreendido “esforços gigantescos” no tratamento do câncer e realiza quatro vezes mais exames de câncer de mama do que a Grã-Bretanha, e portanto os resultados apontaram para problemas na forma como é administrado o sistema francês.

O cientista descreveu a situação nos países do leste europeu como “catastrófica”.

“O problema deles é que seu sistema de saúde não foi totalmente modernizado… Os problemas são essencialmente financeiros”, acrescentou.

Em um editorial que acompanha o artigo, os professores Valerie Beral e Richard Peto, da Universidade de Oxford, concordaram em que aparentemente as baixas taxas de sobrevivência britânicas estavam equivocadas, culpando problemas com a forma como os casos de câncer foram registrados.

“Em contraste com os registros de óbitos, o registro de câncer não é exigido legalmente no Reino Unido e é sabido que está incompleto de alguma forma”, escreveram.

“Em parte por causa desta lacuna, os cálculos de sobrevivência baseados em dados de registros fazem as taxas de sobrevivência de câncer no Reino Unido parecer significativamente piores do que realmente são”, concluíram.