Trinta e três trabalhadores foram encontrados com vida, ontem, no Chile, após 17 dias presos em uma mina de cobre e ouro. O resgate, no entanto, pode demorar até quatro meses, pois é necessário a perfuração de um túnel de centenas de metros para fazer o resgate.
Nos últimos dias, as equipes utilizaram uma sonda para perfurar um buraco fino de 688 metros através da rocha, para chegar ao refúgio de emergência onde estavam reunidos os mineiros. Os trabalhadores grudaram uma mensagem na ponta da sonda. A nota, com letras grandes, escritas em vermelho dizia: “Estamos bem no refúgio dos 33”.
Houve uma festa na superfície da mina para os familiares dos mineiros, com música, comida e velas, além de bandeiras do país. “A notícia nos enche de alegria”, comemorou o presidente Sebastián Piñera, exibindo a mensagem. As equipes de resgate, no entanto, estimaram que pode levar até quatro meses para se cavar um túnel de 68 centímetros de diâmetro, a fim de que os mineiros sejam retirados um por um.
“A sobrevivência de mineiros após 17 dias é muito rara mas, dado que eles conseguiram até agora, devem sair fisicamente bem”, previu Davitt McAteer, ex-secretário-assistente de sanidade e segurança para as minas no Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, durante o governo do presidente Bill Clinton. “Os riscos à saúde em uma mina de cobre e ouro são muito pequenos se eles têm ar, alimento e água.”
Apesar disso, o especialista notou que pode haver significativa tensão emocional, com o longo período em que eles devem ficar presos. O pequeno buraco já perfurado será utilizado para o envio de cápsulas pequenas com alimento, água e oxigênio, caso seja necessário. Também haverá um sistema de comunicação, para que os mineiros dialoguem com seus familiares.
O anúncio da sobrevivência dos mineiros foi uma ótima notícia para o Chile, ainda se recuperando do terremoto de 27 de fevereiro e do posterior tsunami que mataram 521 pessoas e afetaram mais de 200 mil. Piñera viajou até a mina, localizada 850 quilômetros ao norte de Santiago, logo após a sonda chegar ao refúgio. Entre os 33 mineiros presos há um boliviano, Carlos Mamami Solíz, de 23 anos, que havia emigrado uns meses antes em busca de trabalho.