O assunto é tão importante que até virou tema de campanha em um canal da TV paga. Trata-se do “bullying”, um termo em inglês usado para descrever os atos de violência física ou psicológica praticados contra uma pessoa, ou um grupo, que não tem condições de se defender. Isto é muito comum no ambiente escolar e com uma novidade, este tipo de violência vem sendo praticada também via Internet.

Os pais sofrem quando descobrem que seus filhos são vítimas deste tipo de abuso, mas o susto ainda é maior quando os seus filhos são os agressores. Daí vem o complexo de culpa e o inevitável questionamento: “Onde foi que eu errei na educação dele, ou dela?”
Depois surgem os impasses: como mostrar que esse tipo de comportamento é intolerável, reverter a situação e ensinar a importância de um pedido de desculpas.

Os ataques, gozações, perseguições e brincadeiras de péssimo gosto não são novidade no ambiente escolar. O que mudou nos últimos anos foi que essas agressões acontecem hoje também no mundo virtual – é o “cyberbullying”. E, o pior, como não é ao vivo e em cores, a intimidação é mais agressiva.

De acordo com pesquisas internacionais, 95% das crianças correm riscos de serem vítimas do assédio virtual. A explicação é que, por ter certeza de que passará incógnito, o jovem extravasa maldade. Acha que pode tudo, pois não será pego. É como se online, a violência fosse permissiva.

Identificar a vítima é mais fácil para os pais, pois, em geral, essas crianças ficam deprimidas, ansiosas, sem vontade de ir à escola, deixam de se alimentar ou comem em excesso, se isolam do mundo, evitam o computador etc. Reconhecer, no entanto, o agressor é mais complicado, ainda mais se a escola não se envolver.

Os pais dos agressores ficam arrasados ao descobrirem que seus filhos estavam envolvidos nessas investidas maldosas contra colegas de classe. Muitos têm problemas para lidar com a situação, sentem-se culpados e não sabem o que fazer com os filhos.
Especialistas neste tipo de atendimento explicam que, além de manter um canal aberto de diálogo com os filhos e interesse pelo o que acontece na escola e na vida afetiva desses jovens, é importante que os pais acompanhem a vida virtual dos seus filhos. Esta atitude ajuda aproximar gerações, a descobrir o que estão fazendo e como se apresentam nas redes sociais. É uma maneira de conhecer melhor a prole, pensar nos conceitos que foram transmitidos na hora da educação e controlar todos os tipos de assédio.

Algumas dicas importantes podem ajudar os pais de filhos agressores. Primeiro, mostrar a responsabilidade dos jovens pelo assédio e o que isso significa na vida do outro; as reportagens internacionais são didáticas à medida que mostram que a brincadeira de péssimo gosto pode resultar em tragédia; obter informações sobre a vítima e seus pais para que possam juntos pedir desculpas, saber o que a agressão gerou na vida dessas famílias; descobrir por que o agressor resolveu partir para o ataque e rever os conceitos que ele tem das pessoas e do mundo; supervisionar a vida virtual desses jovens para ver como ela age no mundo virtual; conversar com os responsáveis na escola para ter mais detalhes dos ataques, pessoas envolvidas e atitudes que foram tomadas; se achar necessário, conversar com um profissional da área médica ou um psicólogo – já que o fato pode gerar percepções inadequadas de personalidade.