Os países mais afetados pela epidemia de aids no mundo – os africanos Costa do Marfim, Nigéria, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue – foram os que registraram as maiores quedas nos números de novos casos entre 2001 e 2009. No geral, todas as 22 nações da África Subsaariana tiveram um declínio de mais de 25% dos casos de infecções no período. “É a primeira vez que isso acontece no coração da epidemia”, comemorou o diretor executivo da UNAids, divisão da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata do tema, Michel Sidibé, durante a divulgação dos dados em Genebra (Suíça). “Agora vemos esperança no lugar em que o HIV só roubava sonhos”, afirmou.
Cerca de 70% dos infectados de todo mundo vivem na África Subsaariana. Em 2008, 72% das mortes foram registradas neste conjunto de países e 14 milhões de crianças perderam o pai e a mãe por causa da aids. Na Suazilândia, por exemplo, a expectativa de vida caiu pela metade entre 1990 e 2007, para 37 anos de idade, por causa da doença.
Na África do Sul, o combate ao vírus vive um momento acelerado. Novas infecções entre jovens e adultos caíram 25% e um número recorde de mulheres tem acesso ao tratamento para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. O governo sul-africano aumentou significativamente os recursos destinados à prevenção e ao tratamento da aids.
A UNAids recomenda que os governos invistam entre 0,5% e 3% das receitas nacionais no combate ao HIV, dependendo da quantidade de infectados. A maioria dos países mais afetados não segue o indicado. No ano passado, o total de recursos alocados para combater a doença no planeta foi de U$ 15,9 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões), U$ 10 bilhões menos que o previsto como necessário.
“Todo centavo economizado significa colocar mais gente em tratamento ou nos programas de prevenção”, disse Leonardo Chavane, porta-voz do Ministério da Saúde de Moçambique. Ele explicou que o transporte dos medicamentos impacta muito os custos. “Tudo vem da Ásia, Europa ou Américas”. Moçambique tem 12,5% da população de cerca de 22 milhões de habitantes infectadas pelo HIV.
Laboratórios privados produzem remédios antirretrovirais em pequena escala em Uganda, no Quênia e na África do Sul. Moçambique deve sediar a primeira fábrica pública de drogas anti-HIV, em um projeto conjunto com o Brasil. Técnicos da Fundação Osvaldo Cruz, que fará a gestão técnica da planta, estiveram no país nesta semana. Espera-se para os próximos dias a definição do nome da empresa que irá montar as instalações em um galpão na cidade da Matola, vizinha à capital Maputo, ao lado de uma fábrica do governo moçambicano que já produz soro fisiológico e glicose.