Autoridades do Irã informaram hoje (28) que ainda não há definição sobre a setença de morte da viúva iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos e mãe de dois filhos. Acusada de adultério e cumplicidade no assassinato do marido, ela foi condenada à morte por apedrejamento, mas ontem (27) circularam informações de que ela seria enforcada. Em conversa com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, diplomatas iranianos sinalizaram que o processo judicial ainda está em curso.

Amorim se reuniu na tarde de hoje com o chanceler do Irã, Manouchehr Mottaki, em Nova York, no encerramento da 65ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). “Ele [Mottaki] sabe do nosso interesse no assunto. O que ele me disse é que o caso não está finalizado. Há um processo judicial em andamento. O que eu deduzo é que o apedrejamento está afastado”, disse Amorim.

De acordo com Amorim, ele reiterou a Mottaki a oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de asilo para Sakineh no Brasil. “O Brasil é contra a pena de morte. Obviamente que a pena de morte em um caso que no Brasil não é crime chama ainda mais a atenção”, afirmou o chanceler brasileiro.

Ontem (27). em entrevista coletiva, o procurador-geral nacional do Irã, Gholam-Hossein Mohseni-Ejei, informou que a sentença de morte de Sakineh seria modificada de apedrejamento para enforcamento. Segundo ele, a mudança ocorreu porque a viúva vai ser punida pelo crime de cumplicidade na morte do marido e não de adultério. Assassinato no Irã é punido com o enforcamento.

A entrevista de Ejei foi publicada em inglês nas páginas das agências Tabnek e Mehr na internet. A imprensa estatal iraniana não se pronunciou. As acusações contra Sakineh e a pena de morte por apedrejamento motivaram reações em vários países, gerando campanhas e pedidos de cancelamento da sentença. Lula saiu em defesa da viúva e ofereceu o Brasil como destino para ela morar. Mas a oferta de Lula foi recusada pelo governo do Irã. No último dia 8, as autoridades iranianas anunciaram a suspensão por tempo indeterminado do cumprimento da sentença de Sakineh.