Dados divulgados pelo Serviço de Atendimento e Proteção Especial à Famílias e Indivíduos, de Presidente Prudente, mostram que a cada mês o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) – Famílias e Indivíduos, tem recebido, em média, 20 mulheres vítimas de violência doméstica para acompanhamento.

São pessoas que procuram os serviços oferecidos no local, por vontade própria ou porque são encaminhadas por órgãos competentes da rede de atenção às mulheres, como Defensoria Pública, Poder Judiciário, Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Ministério Público do Estado (MPE), secretarias municipais de Assistência Social e Saúde e demais entidades que prestam serviços direto à população. O número representa 9,09% do total de atendidas mensalmente no local, de aproximadamente 220. Destes, 50% resultam de encaminhamento e outra parte (50%) de procura espontânea.

“Apesar de parecer muito, e é de fato, esse montante não representa nem 10% do total de casos existentes no município. Isso porque as próprias vítimas não denunciam. E se não denunciam fica difícil ajudá-las”, adianta a coordenadora do Creas – Famílias e Indivíduos, Simone Duran Martinez. Para tentar despertar na sociedade prudentina a gravidade do problema, bem como a necessidade de enfrentamento desse tipo de violência, foi lançando na manhã desta quinta-feira (30/09), no Centro Cultural Matarazzo, o projeto de cunho sócio-educativo-cultural e de enfrentamento ao problema “Prudente: Construindo a Igualdade de Gênero”.

Na prática, oferecerá atividades culturais, artísticas, político social, dentre outras, à população em geral, bem como àquelas que desenvolvam a compreensão do papel da mulher na sociedade, rompendo preconceitos e ideias esteriotipadas. A secretária responsável pela pasta de Assistência Social, Regina Helena Penati Cardoso, marcou presença e enfatizou que o projeto, que quer despertar a população para a prevenção, proteção e erradicação da violência doméstica, sobretudo contra o público feminino, é mais um esforço da secretaria, além dos trabalhos já existentes na rede municipal. “É um esforço do Creas que marca a dimensão em trabalhar com a comunidade. A violência contra a mulher só será superada se o tema estiver internalizado pela sociedade. O papel de denunciar não deve ser apenas da mulher, mas também da população como um todo que sabe desse tipo de existência no meio em que vive”, destaca.

Ainda segundo a secretária, o projeto lançado amplia a ação do Creas – Famílias e Indivíduos na articulação com representantes da rede de atenção às mulheres. “Também envolve as próprias mulheres vítimas de agressão. Isso favorece não apenas a denúncia, mas principalmente a superação de visão de desigualdade na sociedade”, acredita.

Para a coordenadora do Creas, apesar das campanhas de incentivo e da Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006), as mulheres vítimas de agressão ainda têm medo de denunciar os agressores por uma série de fatores. “Muitas até chegam a denunciar, mas quando voltam para a casa acabam reféns do agressor devido a situações de dependências emocional ou financeira. O nosso trabalho entra nesse contexto, de fortalecer essas mulheres favorecendo sua emancipação e autonomia para que tenham condições de conduzir uma vida, independente do companheiro”, frisa, salientando que mulheres nessa situação, interessadas em denunciar, podem procurar a sede do Creas, que fica na Avenida Washington Luiz, nº 1607, 1º andar. Outras informações no telefone (18) 3222-4696.

Exposição – Além do lançamento do projeto, telas que retratam flores, paisagens e animais e que foram confeccionadas por mulheres atendidas no Creas, foram expostas na ocasião. Elas integram a Exposição “Luzes”, cujo lema se resume na frase “uma ação é um pensamento que venceu a barreira do medo”. Neste caso específico, conta Martinez, a pintura em tela no Creas tem como objetivo resgatar o potencial criativo da mulher em situação de violência, estimulando movimentos de autonomia e transformação.