A economia brasileira teve prejuízo de R$ 248,3 bilhões com a crise financeira internacional, de outubro de 2008 até o fim de 2009. Quase metade desse valor, R$ 121,5 bilhões, refere-se a perdas industriais, de acordo com estimativa da unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada hoje (16) pelo economista Marcelo de Ávila.
Segundo ele, o cálculo para chegar a esses valores levou em conta o que a indústria deixou de faturar por causa, principalmente, da escassez de crédito e da redução da demanda externa. Ele disse que o prejuízo só não foi maior por causa da forte demanda do mercado doméstico e da redução dos impostos na compra de automóveis, eletrodomésticos e material de construção.
O economista da CNI ressaltou, contudo, que a perda registrada pela indústria está em gradativo processo de recuperação. A produção industrial deve superar os níveis pré-crise até fim do mês que vem, pois os indicadores industriais referentes a julho estão muito próximos do patamar contabilizado em setembro de 2008, quando eclodiu a crise.
Dos seis indicadores divulgados na semana passada (faturamento, horas trabalhadas, emprego, massa salarial, rendimento médio e utilização da capacidade instalada), dois já estão acima do nível pré-crise: faturamento e emprego. A variável que estava mais distante em julho era a de horas trabalhadas: 2,2% menor que em setembro de 2008.
Marcelo de Ávila disse que o crescimento da atividade industrial “só não é mais forte porque o mercado externo se recupera de forma muito lenta”, principalmente Estados Unidos e países da Europa. Outro problema, segundo ele, é o real valorizado em relação ao dólar, que reduz a competitividade das exportações brasileiras, especialmente diante da concorrência dos produtos chineses.