A liberação do músico Luiz Cesar de Lima Silva, 30 anos, suspeito de atacar várias jovens em Presidente Prudente, provocou nesta quinta-feira revolta entre familiares das vítimas. Ele foi preso na quarta-feira, acusado de abusar sexualmente de uma estudante de 19 anos, após abordar a vítima dentro de um carro que pertenceria à Igreja em que ministra cultos religiosos.

“Esse caso desestruturou toda a nossa família. Minha irmã está traumatizada. Ela tem medo de sair de casa até pra ir à escola. Este homem não pode ficar solto por aí, já provou que tem distúrbio e que a qualquer momento, ele vai atacar outra pessoa, praticar outros crimes e talvez, até colocar fim a vida de alguém”, disse a irmã de umas das vítimas.

“Estamos indignados com a Justiça, que liberou esse anormal. Ele acabou com a paz de nossa família. Os integrantes da Igreja onde ele congrega, estão vasculhando as páginas pessoais da nossa família na internet. Pastores já nos pressionam para tentar inocentá-lo, mesmo depois da confissão dele. Se ele já confessou vários casos, é porque vai continuar, principalmente por acreditar que não vai lhe acontecer nada. Será que a Justiça vai esperar que uma dessas jovens se torne estampa em camisetas e se transforme em ato de protesto e pedido de que Justiça seja feita? Não será tarde demais?”, disse o irmão da jovem.

A Polícia Civil pediu a prisão temporária do acusado, mas a Justiça não concedeu e o músico foi liberado após ter prestado as declarações. O promotor de Justiça Gilson Sidnei Amâncio disse que não havia indicação das razões para a extrema necessidade da prisão para investigações. “Como houve a confissão, identificação, reconhecimento e ainda por não se tratar de flagrante, não havia embasamento para a prisão”, afirmou.

Outros ataques

Durante a investigação, o músico confessou ter atacado outras mulheres durante os quase três meses que está na cidade. Em depoimento à polícia, ele disse que teve “problemas” no Rio de Janeiro e foi transferido para o interior de São Paulo. O músico afirmou também que persegue mulheres devido a uma espécie de surto.

O músico, segundo a polícia, utilizava diversos veículos, todos da Igreja onde congrega, para atacar as mulheres. Ele confessou ter perseguido uma adolescente de 17 anos que caminhava por uma das ruas do Jardim Paulista. “Nesse dia, eu dirigia o Astra e, após dar carona a um músico da Igreja, eu passava pela avenida Washington Luís e decidi abordar a moça que caminhava pela calçada. Parei o carro e a chamei, ela não atendeu e passou a caminhar mais rápido. Insisti e passei por ela, parei mais a frente e abri a porta. Fiz um gesto como se tivesse empunhando uma arma e mandei que entrasse no carro. Ela não atendeu, caminhou apressadamente e apanhou o celular. Insisti, mas um carro parou atrás do meu, e uma mulher surgiu correndo e me xingou. Deixei o local”, disse o músico, segundo a polícia.

A jovem que havia registrado a ocorrência foi localizada e confirmou as declarações do acusado. “Ele apontou uma pistola coberta por um pano e disse ‘para, se não eu atiro’. Como estava bem perto de casa, liguei pra minha irmã e corri pra casa”, disse a jovem.

O músico contou ainda que, em outra data, usando um Corsa, passava por uma rua do Jardim das Rosas quando notou uma moça sentada na calçada e falando ao celular. “Desembarquei e fui na direção dela. Não me recordo se a mandei entrar no carro. Ela se levantou e correu. Chorando e gritando, a jovem chamou a atenção de outras pessoas Alguns rapazes saíram de uma casa, então pedi desculpas, disse que queria apenas uma informação e deixei o local”, disse o preso.