Em abril de 1986, um reator nuclear da usina de energia de Chernobyl explodiu e enviou partículas radioativas pelo ar, se infiltrando no solo ao redor. Apesar do desastre colossal, algumas plantas da região parecem ter se adaptado bem, florescendo no solo contaminado.
Essa habilidade de adaptação tem a ver com leves alterações nos níveis de proteínas das plantas, relatam pesquisadores num estudo que aparece na revista “Environmental Science and Technology”.
“Se você visita a região, nem parece que aconteceu algo de ruim ali”, disse Martin Hajduch, um dos autores do estudo e geneticista de plantas na Academia Eslovaca de Ciências, na Eslováquia. “De alguma forma, as plantas conseguiram se adaptar à radioatividade; nós queríamos entender que tipo de alteração molecular estava ocorrendo”.
Ele e seus colegas plantaram sementes de linho em solo contaminado da região de Chernobyl, e as compararam ao linho plantando em solo não-radioativo. Eles descobriram que havia muito poucas diferenças entre as plantas – exceto por uma diferença de 5% nos níveis de proteínas. Os pesquisadores acreditam que essas alterações protéicas possam ser um mecanismo de defesa, permitindo que as plantas se protejam melhor contra a radiação.
Embora o crescimento das plantas em solo radioativo pareça ser saudável, elas podem não ser boas o bastante para consumo, disse ele.
“Hoje, não acho que alguém queira comer isto”, afirmou ele. “Mas algum dia, o local pode ser cultivado e usado para agricultura”.
O relatório dos cientistas analisa a primeira geração de colheita do estudo. Eles pretendem publicar resultados também para as plantas de segunda e terceira gerações.