A iniciativa de um pastor evangélico de queimar cópias do Alcorão no aniversário do 11 de Setembro pode estimular atos extremistas contra os EUA, disse nesta quinta-feira o presidente Barack Obama.

É mais uma crítica ao pastor Terry Jones, de uma pequena igreja na Flórida, que disse na quarta-feira que nenhum apelo o removerá da ideia de queimar o Alcorão no próximo sábado para protestar contra o “islã radical”.

“(O ato) pode aumentar o recrutamento (pela Al-Qaeda) de indivíduos dispostos a se explodir em cidades americanas ou europeias”, disse Obama. “Podemos ter sérios (episódios) de violência no Paquistão e no Afeganistão”, agregou o presidente, em entrevista à rede americana ABC, pedindo a Jones que “entenda o ato destrutivo em que está se envolvendo”.

“Se ele (Jones) está ouvindo, espero que entenda que o que ele está propondo fazer é completamente contrário a nossos valores como americanos, que este país foi construído sobre noções de liberdade e tolerância religiosas. E, como comandante em chefe das Forças Armadas dos EUA, quero que ele entenda que pode pôr em risco nossos soldados no Iraque e no Afeganistão”, disse Obama.

Autoridades dos EUA dizem que não podem interferir nos planos de Jones, protegidos pela defesa da liberdade de expressão na Constituição dos EUA.

Ofensa A iniciativa de Jones, que lidera uma congregação de estimadas 50 pessoas chamada Dove World Outreach em Gainesville, Flórida, despertou, dentro e fora dos EUA, críticas e advertências quanto ao perigo de que estimule mais violência e tensão inter-religiosa.

Muçulmanos consideram o Alcorão como sendo a palavra de Deus, e qualquer ato de desdenho ao livro é visto como uma ofensa.

O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, disse em comunicado que “qualquer pessoa que sequer pense num ato tão desprezível deve estar sofrendo de uma mente e uma alma doentes”.

Diversos outros países islâmicos reagiram de forma semelhante. A Malásia chamou a ideia de “crime hediondo”, e a Indonésia disse que isso prejudicará as relações entre o islã e o Ocidente.

A União Europeia, a ONU e o Vaticano, além de líderes como a alemã Angela Merkel, também se opuseram ao plano.