O vice-presidente José Alencar, com anuência do presidente Lula, reuniu-se com a maioria das lideranças de partidos da base aliada em Minas Gerais, nesta terça-feira (5), e cobrou empenho no segundo turno em favor da presidenciável Dilma Rousseff (PT). A reunião foi a portas fechadas no escritório político de Alencar, localizado no prédio da Coteminas, em Belo Horizonte, empresa do qual ele é dono.
Após a reunião, Alencar deu recados duros em relação ao que classificou de “hegemonia de São Paulo”, em relação ao domínio político, e até conclamou tucanos do Estado a confirmar, no segundo turno, o voto denominado “Dilmasia”, voto casado em Dilma e no governador eleito Antonio Anastasia (PSDB), que se confirmou no primeiro turno das eleições.
Alencar procurou justificar o desempenho de Dilma no primeiro turno relembrando que em 2002 e 2006, quando ele e Lula disputaram a eleição e a reeleição, os pleitos só se decidiram em segundo turno. “Só que naquela época, os números não eram tão exuberantes como os de hoje. O quadro é de vitória. Apenas não queremos, de forma alguma, calçar salto alto”.
Ele relembrou que a petista ganhou de Serra no primeiro turno. “Nós ganhamos a eleição no primeiro turno [em Minas Gerais], só que a regra do jogo exige que nós ganhemos novamente. Então nós estamos indo para a segunda vitória, para confirmar a primeira”, disse.
O vice-presidente delineou como será a estratégia no Estado. Segundo ele, a ênfase vai ser em relembrar os eleitores mineiros que Dilma nasceu no Estado, é mineira e que o Estado está há muitos anos sem assumir a Presidência da República.
“Minas é uma síntese do Brasil. Minas quando está presente significa participação de todo um país. Nós temos uma preocupação muito grande com a hegemonia de São Paulo. São Paulo é a matriz econômica do Brasil, então é muito importante que as forças políticas estejam presentes, mas contemplando o Brasil como um todo.”
Alencar disse que há muitos anos “estamos oferecendo apenas vice-presidentes”. Em seguida, ressaltou a participação de Dilma no desempenho do governo Lula como um fator preponderante. A todo o tempo ele buscou relembrar os eleitores mineiros a importância de termos “um presidente mineiro”.
“É preciso que nós estejamos atentos porque temos a responsabilidade de sermos mineiros e o Brasil tem saudade de Minas.” De forma prática, Alencar revelou que o presidente estadual do PT em Minas Gerais, o deputado federal Reginaldo Lopes, vai coordenar os contatos com prefeitos, deputados e apoiadores no interior do Estado para que não falte material e eles saibam com quem falar.
Marina Silva e Aécio Neves
O vice-presidente José Alencar procurou elogiar tanto Marina Silva quanto o recém-eleito senador Aécio Neves. “Levamos nosso abraço de congratulações, apreço, e respeito ao ex-governador Aécio Neves, que teve uma grande vitória e ele mereceu isso”.
Na sequência, Alencar disse que não tem nada contra o governador reeleito, Antonio Anastasia (PSDB) e desejou a ele que faça um “grande governo”.
O vice deixou claro que o voto “Dilmasia”, verificado no primeiro turno, deve ser usado em favor de Dilma e chegou a atribuir a reeleição de Anastasia, ao voto casado com a petista.
“O governo de Minas foi vitorioso e constituído também com votos da Dilma por causa do ‘Dilmasia’. Isso é um fato”, disse Alencar convocando os eleitores tucanos a participar de “um momento histórico de responsabilidade cívica” e disse que não há razão para que todos os eleitores mineiros não estejam ao lado da candidata que devolve “a grande oportunidade a Minas de servir ao Brasil”.
“Me atrevo a dizer, é claro que isso é impossível, mas [esse movimento] deveria ter à frente o próprio governo vitorioso [de Minas Gerais”, completou ele.
O encontrou, realizado um dia depois da visita de José Serra (PSDB) a Belo Horizonte, contou com mais de 70 lideranças entre deputados, representantes dos partidos da base aliada do governo em Minas Gerais, além do ex-ministro Hélio Costa (PMDB), Patrus Ananias (PT), candidatos a governador e vice-governador derrotados, e Fernando Pimentel (PT), que também não conseguiu se eleger senador no último domingo.