Um relatório divulgado ontem (14) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta que as tecnologias de informação e comunicação (TICs), tais como aparelhos de celular e acesso à internet, são importantes no combate à pobreza em todo o mundo.
O Relatório sobre a Economia da Informação também sugere que os governos adotem políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da tecnologia da informação e da comunicação como uma estratégia para reduzir a pobreza mundial.
“Ante nossos olhos, está se abrindo um novo horizonte em que as novas tecnologias terão uma importância radical, inclusive nos lugares mais remotos. A difusão de algumas tecnologias de informação e comunicação, em especial os telefones móveis, tem aumentado espetacularmente, inclusive nas regiões em que vive e trabalha grande parte da população pobre mundial”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no prefácio do relatório.
Segundo o relatório, a população carente sofre com a falta de acesso a informações que são vitais para seu trabalho. Saber sobre as condições meteorológicas, por exemplo, poderia ajudar um agricultor a determinar o melhor momento para a plantação e a colheita. E um aparelho de telefone celular poderia permitir a esse agricultor receber essas informações.
“Um pequeno empreendedor com telefone celular, mesmo que o custo no Brasil [com telefonia móvel] seja um dos mais altos do mundo, pode fazer muita coisa que não podia antes. Isso é que tem que ser potencializado”, disse o conselheiro do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), Carlos Alberto Afonso, que apresentou o relatório da Unctad no Brasil.
Segundo Afonso, é importante destacar que, isoladamente, o uso dessas tecnologias não resolve o problema da pobreza. Para ele, o uso das TICs deve estar associado a políticas públicas que poderiam criar condições para universalizar o acesso à informação. “A banda larga, como já é na Finlândia e na Suíça, é parte do direito humano à comunicação formalizado em lei. Então, o cidadão tem que ter acesso a essa tecnologia, independentemente do seu nível de renda e classe social. Isso é o que temos que ver no Brasil”, afirmou.
Uma das alternativas para o Brasil, segundo ele, seria a criação de uma rede nacional de banda larga, liderada por uma entidade estatal, que ajudaria, inclusive, a diminuir os custos da telefonia móvel no país. “O importante é que se pense que essas tecnologias têm que ser universalizadas”, afirmou.