O estudante do 2º ano do ensino médio da EE Prof.ª Julieta Guedes de Mendonça, Alexandre Monçale Neto, já está pensando sobre o que irá conversar com a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama. Neto, como é chamado pelos pais Vilma e Osvaldo está entre os 35 alunos de escolas públicas brasileiras, que participarão do Programa Jovens Embaixadores 2011. A lista foi anunciada, na última terça-feira (26), durante evento em São Paulo. Na reta final, a ansiedade já não deixava Neto dormir. “Desde o início, achei que ia dar certo, a minha base foi confiar em Deus, na igreja e nos ensinamentos do livro The Secret – O Segredo. Agora no final, já havia feito tudo o que podia, não dependia mais de mim, estava nas mãos de Deus e da Embaixada”, diz. Ele assistiu à transmissão pela internet, em casa com a mãe.

A viagem está programada para janeiro, os estudantes passarão uma semana em Washington, onde conhecerão instituições do governo norte-americano, museus, participarão de reuniões com autoridades e aprenderão sobre a cultura dos EUA. Depois, passarão duas semanas hospedados em casas de famílias, em diferentes localidades do país. Frequentarão as aulas, conhecendo o dia-a-dia do jovem estudante norte-americano e farão apresentações sobre o Brasil. Os jovens embaixadores ainda terão que desenvolver um plano de ação para o fortalecimento do seu projeto de voluntariado, aqui, no Brasil.

Viajar para os Estados Unidos durante três semanas com tudo pago pode até ser a viagem dos sonhos de muita gente, mas o caminho percorrido por estes 35 jovens foi no mínimo longo, para não dizer, árduo. O período de pré-inscrições foi de abril a agosto, entre os requisitos estabelecidos pelo programa, estavam: ter entre 15 e 18 anos, estudar na rede pública, ter excelente desempenho escolar, boa fluência oral em inglês, fazer serviço social há pelo menos um ano, ter bom relacionamento em casa, na escola e comunidade, ter iniciativa e ser comunicativo, ser flexível e com capacidade de adaptação, além de pertencer à camada sócio-econômica menos favorecida. A comprovação desses requisitos é feita por meio de documentação, formulários e atestados.

Neto já estava com tudo pronto, inclusive já havia enviado seus documentos à Diretoria de Ensino.

Aparentemente estava tudo certo, se não fosse por um detalhe. Ele enviou a documentação para a D.E. de Tupã, mas Dracena pertence à D.E. de Adamantina. Nessa parte da história, entra em cena, a PCOP – Professora Coordenadora de Oficina Pedagógica de Língua Inglesa – da D.E. de Adamantina, Renata Belchior.

O estudante conta que Renata apareceu na escola na manhã do último dia do prazo, por acaso. Ela perguntou sobre a inscrição, ao que Neto respondeu já ter enviado para Tupã. Nesse momento, a efetuação da inscrição correu o risco de não se concretizar e o sonho de ser embaixador ficou distante. Então, Renata disse que esperaria até o meio-dia para que ele conseguisse novamente a documentação e ela levaria até a D.E. Adamantina. A partir daí, começou a correria, o garoto e sua mãe voltaram aos mesmos lugares anteriormente percorridos e conseguiram aprontar o que era necessário, em tempo recorde.

Se por um lado, a confusão na destinação do envio seria um grande problema para as algumas pessoas, para Neto não passou de um mal entendido. Também não se poderia esperar outra reação de um garoto, que começou a aprender um instrumento musical sem saber do que se tratava.

Quem vê o adolescente tocando sua viola de arco na Orquestra Sinfônica Jovem de Dracena ou em eventos sociais, não imagina que sua mãe ao inscrevê-lo para o Projeto Guri em 2005, escolheu o instrumento viola, acreditando se tratar da viola comum, muito próxima ao violão. O sonho de Vilma era tocar violão, como no Projeto Guri não se ensina tal instrumento, ela decidiu matricular o filho no curso de viola. Na primeira aula, Neto descobriu que a viola, era a viola de arco, semelhante ao violino. O tempo mostrou que a descoberta daquele dia, não o desmotivou e, que, o garoto faz parte do grupo de pessoas, que com um limão sabem fazer uma limonada. Para o maestro Samuel Siqueira “Neto pode ser considerado um dos melhores violistas da região”, afirma.

Com esse histórico, as outras etapas do processo como: provas escrita e oral em inglês e visita domiciliar dos supervisores da D.E. Adamantina (com direito a bolo de chocolate preparado pelo adolescente) fluíram naturalmente.

Hoje, ele e sua família agradecem a todos os que ajudaram e torceram pela conquista, em especial à equipe da escola Julieta, D.E de Adamantina e Secretaria Municipal de Cultura.

Enquanto espera janeiro chegar, Neto continua frequentando às aulas do ensino médio e de inglês, ensinando o idioma voluntariamente na escola, participando da Juventude Franciscana, tocando na Orquestra Sinfônica e, claro, pensando sobre o que irá conversar com Michelle Obama.