Alguns dos 33 mineiros, que ficaram soterrados por 70 dias no Deserto de Atacama no Norte Chile, podem ter alta na tarde de hoje (14). Ainda não se sabe quantos poderão deixar o hospital de Copiapó para onde foram levados ontem (13), depois do resgate histórico. Os médicos disseram que os trabalhadores tiveram uma noite de sono tranquila, apresentam apenas algumas infecções e cáries dentárias, e não estão com problemas psicológicos.
Pelas avaliações médicas, o estado geral de saúde dos mineiros é bom. Há algumas lesões de pele que são consideradas comuns a quem se submete a elevadas temperaturas ambientes. Um mineiro apenas apresenta problema oftalmológico mais grave e outro deve ser passar por uma cirurgia para tratar infecções bucais.
O ministro da Saúde, Jaime Mañalich, elogiou o trabalho da equipe médica que tratou dos mineiros desde o momento em que estavam soterrados até a chegada à superfície. “Foi a operação de San Lorenzo”, disse ele. As informações são da emissora estatal de televisão do Chile, a TVN, que transmitiu ao vivo as entrevistas coletivas ocorridas ao longo desta manhã.
O diretor médico do hospital de Copiapó, Jorge Montes, que é responsável pela equipe que acompanha a evolução do quadro de saúde de cada um dos mineiros, disse que as perspectivas são positivas. “Nossa preocupação maior era com o quadro psicológico por causa do alto grau de estresse a que todos foram submetidos, mas não há nada de mais grave. Todos os trabalhadores passaram uma boa noite”, disse.
Segundo Montes, alguns trabalhadores apresentam um ou outro problema de saúde, mas que já tinham sido detectados antes do incidente. Como exemplo, o médico citou o caso de um dos mineiros com problemas pulmonares.
Ontem foi concluída a operação de resgate, depois de pouco menos de 24 horas, os 33 trabalhadores foram retirados do abrigo onde estavam, a 700 metros de profundidade, e levados à superfície com sucesso. O último a ser resgatado foi Luis Urzúa, líder do grupo dos mineiros. Ao chegar à superfície, ele abraçou a mulher e cumprimentou o presidente do Chile, Sebastián Piñera. “É um orgulho ser de um país como o Chile”, disse o mineiro ao presidente.
Piñera afirmou que Urzúa concluiu a missão dele como todo comandante deve fazer. “Quero felicitar todos vocês pela demonstração de companheirismo, fé, coragem e esperança que tiveram durante todo esse tempo”, afirmou o presidente chileno.
Em seguida, antes de encerrar oficialmente as operações de resgate, Piñera agradeceu às equipes que trabalharam na região da Mina San José, a 800 quilômetros de Santiago, capital chilena, nos últimos dois meses. “Também [quero] agradecer a todos que trabalharam para trazer vocês com vida. E a todos os chilenos que estiveram esperando por este momento. E, claro, agradecer a Deus”, disse ele, que puxou o hino nacional chileno.
O primeiro mineiro a ser resgatado, Florencio Avalos, deixou o abrigo por volta da meia-noite de terça-feira (12). O último a deixar o local, Urzúa, chegou à superfície pouco antes das 22h de ontem. A operação de resgate foi considerada um sucesso por autoridades que acompanharam os principais momentos.