A História do Brasil é marcada pela aliança entre as elites brasileiras dos grandes fazendeiros, grandes comerciantes e industriais com a maior parte da classe média, garantindo durante séculos o poder dos ricos e a exclusão da maioria dos brasileiros com a escravidão, o latifúndio e a miséria.
As razões dessa aliança podem ser explicadas pelas vantagens econômicas em alguns casos, pelas ideologias defendidas pelos meios de comunicação de propriedade das elites e incorporadas por uma classe média que queria se informar e era desinformada por essas mídias, além de muitos que “comiam frango e arrotavam peru”, não eram ricos, mas preferiam a companhia deles à dos pobres.
A partir da década de 1930, com o populismo de Getúlio Vargas, houve uma guinada para a esquerda. Com apoio dos trabalhadores, da burguesia nacionalista e boa parte da classe média, o presidente criou as possibilidades para transformações e conquistas sociais importantes. Mas este “casamento político” entre as classes sociais termina com a crise que leva ao suicídio de Vargas e mais tarde ao golpe militar de 1964, quando a classe média fica mais uma vez do lado dos ricos e apóia o golpe.
No início do século XXI, com o desemprego, a exclusão social e os baixos salários provocados por uma política neoliberal, a classe média, meio a contragosto, se juntou a setores populares garantindo a eleição do presidente Lula. O projeto popular deu certo com distribuição de renda, crescimento econômico, aumento do emprego. Mesmo com tanto sucesso, o governo não tem garantida a vitória na próxima eleição.
No dia 31 de outubro, mais uma vez a decisão estará nas mãos dos brasileiros. A classe média em quem votará? Ficará com um projeto popular? Ou ficará de novo, como na maior parte da nossa história, com as elites?
Professor Antonio Carlos Bolonhin