Pela primeira vez na história, toda a Argentina está mobilizada desde as 8 horas de hoje (27) para a maior operação civil já registrada no país: o Censo 2010, que não só contabilizará a população, mas também recolherá informações importantes sobre a situação de vida dos argentinos. A operação terminará às 20h e está sob responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), órgão federal equivalente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados provisórios do Censo 2010 serão divulgados no dia 15 de dezembro e os definitivos, em 20 de junho de 2011.
A Argentina é constituída por 23 províncias (estados) e pela cidade autônoma de Buenos Aires. O último censo no país foi feito em 2001, registrando 36 milhões de habitantes. No ano passado, um levantamento sem base estatística, mas com projeções matemáticas e índices de crescimento populacional, estimou que esse número já pode ter chegado a 40 milhões.
A mobilização de hoje envolve 650 mil recenseadores, que visitarão literalmente todas as residências da Argentina – mesmo que estejam localizadas em regiões remotas como as seis bases do país na Antártida – para registrar quantas pessoas foram encontradas em cada uma delas. Serão incluídas no censo mesmo as pessoas que não residem no local mas que estejam em visita, por exemplo. De acordo com informações do Indec, o custo do Censo 2010 é de 523 milhões de pesos argentinos, o equivalente a R$ 260 milhões.
Em diversas comunicações feitas ao longo das últimas semanas, autoridades federais ressaltaram que responder às perguntas do censo é uma obrigação e um dever dos cidadãos, uma vez que o Artigo 47 da Constituição determina que o levantamento é uma política de Estado e não de um governo específico. Por meio do censo, o governo terá condições de reunir dados que servirão de base para a criação de políticas públicas abrangentes que possam incluir, a partir de agora, os casais gays, as populações afrodescendentes e indígenas, além de pessoas com deficiência física.
O governo argentino decretou feriado nacional no dia de hoje, interrompendo a prestação de serviços públicos e as atividades comerciais e bancárias, mantendo em operação exclusivamente os serviços considerados essenciais, o que permitirá a permanência da população em suas casas para receber os recenseadores.
O governo começou a preparar a população para o Censo 2010 em março passado, informando que os 650 mil recenseadores, devidamente identificados, foram recrutados na estrutura educativa da Argentina. Assim, boa parte do verdadeiro exército de recenseadores é formada por estudantes e professores universitários, além de funcionários públicos. Cada recenseador receberá pagamento de 250 pesos argentinos, o equivalente a R$ 125.
Na manhã de hoje, o ministro argentino da Justiça, Julio Alak, informou que o governo mobilizou 50 mil policiais de todo o país para manterem a segurança da população e também a logística de aplicação dos formulários do Censo 2010. Segundo o ministro, o efetivo federal de segurança, junto com as Forças Armadas e as polícias estaduais, usarão “toda sua capacidade operativa para ajudar no êxito de uma jornada fundamental para a Argentina”.