Mais de 10 mil paróquias e igrejas cristãs do país participam domingo (10) de uma mobilização para o combate à hanseníase. Durante as missas e celebrações, os padres e outros religiosos vão alertar os fiéis sobre o diagnóstico precoce e informá-los do tratamento da doença, que tem cura. A campanha foi lançada hoje (8) na sede da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).
O secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara, informou que foram encaminhadas cartas às paróquias com orientações para a mobilização. “Ainda há muita desinformação sobre a doença”, afirmou dom Dimas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o número de casos da doença vem caindo desde 2003, porém o Brasil ainda aparece na lista dos países com grande prevalência da hanseníase, como a Etiópia, a Índia e o Sudão. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) notificou 240 mil casos em 141 países, sendo 54,6% na Índia e 15,4%, no Brasil.
Há alta incidência da doença nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, principalmente em localidades com assentamentos. Em 2003, foram registrados 51.941 casos, contra 37.610 em 2009, conforme dados do ministério.
A doença tem se manifestado com frequência entre jovens com menos de 15 anos. Em 2006, foram 3.444 casos nessa faixa etária. No ano passado, o número caiu para 2.669.
“Ela [criança] pode desenvolver a doença quando estiver adulta, como ocorre na maioria dos casos. Mas isso significa que tem um adulto perto dela com hanseníase contagiosa sem tratamento. A Igreja pode nos ajudar porque, muitas vezes, vai aonde as equipes de saúde não conseguem”, disse Maria Aparecida Grossi, diretora do Programa Nacional de Controle da Hanseníase do ministério.
Segundo Maria Aparecida, o tempo de contágio e de aparecimento dos sintomas varia de três a cinco anos. Os primeiros sintomas da hanseníase são manchas brancas e avermelhadas na pele e áreas do corpo sem sensibilidade – por exemplo, quando a pessoa corta-se ou queima-se e não sente dor no local.
A doença infecciosa atinge pele, nervos, braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz, podendo provocar deformidades físicas em estado avançado. A hanseníase é transmitida pelo ar, pela tosse ou espirro do doente. O tratamento, à base de comprimidos diários, dura de seis meses a um ano e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) dispõe de um telefone gratuito para quem quiser tirar dúvidas sobre a doença: 08000 26 2001.