Mover cadeiras de rodas ou próteses de membros como braços e pernas apenas com o pensamento são algumas das possibilidades de um dispositivo desenvolvido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Trata-se de uma interface que capta as ordens do cérebro por meio de uma touca com eletrodos e converte esses sinais em informações digitais capazes de acionar dispositivos mecânicos.
“É essencialmente um leitor de pensamentos”, explica o coordenador do Laboratório de Robótica da PUC, Marco Antonio Meggiolaro. “Se você quer mover seu braço para a esquerda, por exemplo, ele consegue identificar isso”, explica o pesquisador sobre a ferramenta virtual que permite a adaptação entre os dois sistemas (o cérebro e a prótese ou a cadeira de rodas).
O equipamento permite que até pessoas que nunca tiveram determinados membros possam operar próteses apenas com o comando mental. Também pode ser usado por tetraplégicos ou portadores de doenças degenerativas para movimentar cadeiras de rodas de maneira totalmente independente.
Meggiolaro ressalta que, apesar de existirem vários dispositivos semelhantes sendo desenvolvidos em todo o mundo, o brasileiro é “o que tem melhor desempenho na atualidade em relação ao seu próprio tamanho. Ou seja, ele é muito compacto e a gente consegue mais de 90% de acerto na interpretação dos pensamentos”.
O custo de produção dessa interface também é menor do que os concorrentes estrangeiros, segundo o pesquisador. De acordo com Meggiolaro, a fabricação do equipamento, com cerca de 10 centímetros de comprimento, tem o custo aproximado de R$ 1 mil. “A gente não está incluindo nesse valor o custo da pesquisa, do desenvolvimento. É só o custo físico do hardware [equipamento embarcado num produto que precisa de processamento computacional, no caso]”, destaca.
A invenção foi patenteada nos Estados Unidos há menos de um mês e será inscrita no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) nas próximas semanas. Segundo Meggiolaro, já existem pessoas interessadas em comercializar o dispositivo.
O equipamento está sendo exibido no 2º Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência, evento que se encerrou ontem (24) na capital paulista e que apresenta projetos de acessibilidade e ideias sobre inclusão e reabilitação de pessoas com mobilidade reduzida.