O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta (7) em Angra dos Reis (RJ) que a polícia não vai mais às favelas do Rio de Janeiro “apenas para bater”.

Em discurso no qual se dirigia ao governador Sérgio Cabral (PMDB), ele convidou a plateia da cerimônia de “batismo” da plataforma de petróleo P-57 da Petrobras a acompanhá-lo a uma visita a morros do Rio e disse que a polícia vai às favelas para “bater em quem tem que bater, proteger quem tem que proteger”.

“Você [Sérgio Cabral] hoje governa um estado que não aparece mais nas páginas policiais como aparecia antes. Lógico que tem criminoso, lógico que tem bandido, mas estou convidando vocês para subirem comigo e com o Sérgio a favela de Manguinhos, o Complexo do Alemão, Pavão e Pavãozinho, para vocês perceberem que nós estamos dizendo para aquele povo de lá: ‘Nós não vamos mandar pra cá polícia apenas para bater. A polícia vai vir para cá para bater em quem tem que bater, proteger quem tem que proteger, mas o Estado tem que trazer para cá cultura, educação, emprego e decência. E é o que estamos fazendo nas favelas do Rio de Janeiro”, afirmou.

Petrobras

No discurso, Lula disse também que, no atual governo, a Petrobras é uma “caixa branca”. “Nem tão assim, mas é transparente”, complementou.

“Teve um tempo em que a diretoria da Petrobras – não é do seu tempo, não, Sérgio [Gabrielli, atual presidente de Petrobras] – achava que era o Brasil que pertencia à Petrobras, não era a Petrobras que pertencia ao Brasil. A ponto de ter presidente que falava: ‘a Petrobras era uma caixa preta, ninguém sabe o que acontece lá dentro’. No nosso governo, ela é uma caixa branca e transparente… Nem tão assim, mas é transparente. A gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer”, afirmou Lula em discurso.

O presidente disse que o Brasil “perdeu tempo” em governos anteriores, que, segundo ele, não se importavam em fazer a Petrobras progredir. “Quando a gente começa a olhar o que era estaleiro aqui na década de 60 e o que foi de 70 até 2003, a gente começa a imaginar quanto tempo esse país perdeu com gente governando esse país que não pensava corretamente esse país”, criticou.

Lula defendeu a fabricação de sondas no Brasil e o desenvolvimento de tecnologia nacional de extração de petróleo. “A primeira coisa que a gente teve que fazer era despertar espírito de nacionalismo. Gostar um pouco mais dessa bandeira verde e amarela, acreditar mais na gente. Acabar com a fisolofia de que é melhor a gente importar, comprar de fora, que fica mais barato”, disse.

‘Colar’ a faixa presidencial

Ainda durante o evento da Petrobras, Lula voltou a sinalizar que vai sentir falta do cargo de presidente. Ao afirmar que deixa o governo com a certeza de ter fortalecido a Petrobras, Lula afirmou, em tom de brincadeira: “A meia-noite do dia 31 eu ainda não vou entregar a faixa, to pensando em colar a bicha na barriga com uma cola muito forte.”

No discurso, Lula também elogiou reeleição do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). “Eu não poderia começar o pronunciamento sem dar os parabéns ao povo do Rio de Janeiro, de Angra, aos trabalhadores, pela reeleição do companheiro Sérgio Cabral ao governo do Rio de Janeiro.” De acordo com Lula, Cabral “é uma experiência extraordinariamente bem sucedida.”