Apelidos, fofocas, brincadeiras de mau gosto. Quem nunca passou por isso nos tempos de escola? Muito se tem falado sobre a prática do bullying, (termo de origem inglesa ainda sem tradução no Brasil).

Mas, o que diferencia os apelidos, fofocas e outras situações do bullying? Para a psicóloga Cristina Cortezi Buccironi, da Emefi Guilherme Tammerik, o bullying pode ser definido como um conjunto de atitudes agressivas, repetitivas e intencionais feitas por um ou mais alunos contra outro causando dor, angústia e sofrimento. Isto significa que o bullying se refere a uma prática rotineira, ou seja, um aluno maltratado uma única vez não pode ser considerado vítima.

O tema foi abordado durante palestras para os alunos, ocorridas recentemente na Semana de Luta contra a Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, instituída por lei municipal.

A Emefi Guilherme Tammerik possui profissionais, entre eles, a psicóloga, que desenvolve um trabalho contra o bullying com os alunos durante o ano letivo, apoiado pela coordenação e direção. A rede municipal de ensino de Dracena possui equipe multidisciplinar de triagem com psicólogas, psicopedagogas, fonoaudiólogas e assistentes sociais em cada escola, que avaliam e acompanham dificuldades de aprendizagem e de comportamento das crianças durante todo o ano.

Cristina explica que o bullying é composto por três lados: agressor, vítima e espectador. Os agressores geralmente são crianças fortes, bonitas, dominadoras, intolerantes e emocionalmente mais frias, que gostam de ser populares, como: ser o centro das atenções e mandar no grupo, também apreciam que as outras crianças tenham medo delas. A vítima pode ser qualquer criança, que aparentemente não saiba ou não consiga se defender.

Geralmente, ela apresenta algumas características diferentes das outras crianças, como: estatura (alta ou baixa), cor da pele, peso a mais ou a menos, uso de óculos, vestuário, nome ou sotaques diferentes.

Tal relação é alimentada pela figura do espectador, que testemunha os fatos, mas não sai em defesa da vítima nem toma partido do agressor. “Os espectadores não participam da agressão, mas são fundamentais para continuidade do conflito, já que exercem a função de plateia e divulgadores”, explica. Podem ser considerados exemplos de bullying: insultos, intimidações, estilizações, xingamentos, apelidos cruéis e constrangedores, gozações, chantagens, chutes, empurrões e outras atitudes, que visem humilhar, ridicularizar, discriminar ou amedrontar os colegas de escola.

Há também o cyberbullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas: celulares, filmadoras e celulares. O agressor envia mensagens, e-mails, cria comunidades em sites de relacionamento com conteúdo agressivo, insere fotos com o objetivo de humilhar o colega.

Com o passar do tempo, as vítimas de bullying podem desenvolver alguns problemas, como: baixa autoestima, problemas na aprendizagem, ansiedade, estresse, depressão, fobias e até mesmo abandonar a escola. “As vítimas têm grande chance de se tornarem agressores dentro de seu círculo social”, afirma. A recomendação é que as crianças ou adolescentes não fiquem caladas, contem sobre as agressões a seus pais, professores ou algum adulto que possa ajudar, não abandonem a escola e nem tentem revidar com agressões. E, sim, contem aos pais e professores o que estão vivenciando.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou no último dia 20 cartilha que será distribuída, nas escolas das redes públicas e privadas, conselhos tutelares e varas da infância e juventude no País, para ajudar pais e educadores a prevenir o problema do bullying nas suas comunidades e escolas. O material está disponível em: http://www.cnj.jus.br/images/Justica_nas_escolas/cartilha_web.pdf.