Grupos classificados como progressistas da Igreja Católica e ativistas da luta contra o HIV/aids receberam bem a declaração do papa Bento XVI de que o uso de preservativo é aceitável “em certas situações”.
A afirmação foi divulgada pelo L’Osservatore Romano, jornal do Vaticano, que publicou trechos de um livro baseado em uma série de entrevistas com o pontífice. Ainda sem lançamento previsto no Brasil, o livro se chamará Light of the World: the pope, the church and the signs of the times (Luz do mundo: o papa, a Igreja e os sinais dos tempos, em tradução literal).
Inicialmente o pontífice defendia que o uso de camisinhas colocava em risco a saúde pública e ampliava o problema da aids em vez de ajudar a conter a doença. Agora o papa afirma que em casos de prostituição, por exemplo, o uso do preservativo seria “um ato de responsabilidade moral”.
Bento XVI destacou, entretanto, que o preservativo não deve ser considerado “o caminho para lidar com o mal da infecção pelo HIV”. O papa disse ainda que a “obsessão quanto à camisinha implica a banalização da sexualidade”, o que tornaria o sexo não mais uma expressão do amor, “mas somente uma espécie de droga que as pessoas administram a si mesmas”.
O programa das Nações Unidas contra o HIV/Aids (Unaids) classificou os comentários do papa como “um passo adiante significativo e positivo”. Segundo o órgão, a declaração reconhece que um comportamento sexual responsável e o uso de preservativos têm um papel importante na prevenção do HIV.
Para o Movimento de Acesso ao Tratamento do Quênia, que combate o avanço do HIV no país, o posicionamento do papa reflete a realidade de que a abstinência sexual nem sempre funciona.