Cerca de 120 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), despejadas ontem (9) de duas fazendas no município de São Joaquim do Monte, no Agreste de Pernambuco, se preparam para reocupar a área.

De acordo com um dos coordenadores do MST no estado, Edilson Barbosa, as famílias estão acampados à beira de uma estrada próxima às fazendas e devem voltar ainda hoje (9) para o antigo assentamento. “O pessoal só está aguardando a recomposição da estrutura, já que os barracos foram destruídos no despejo.”

O conflito pela posse das fazendas Consulta e Jabuticaba é antigo. De acordo com a ouvidora agrária regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Pernambuco, Elisabete Moreira da Silva, já ocorreram mais de dez tentativas de despejo dos trabalhadores que ocupam as propriedades.

Os proprietários se recusam a vender as terras para o governo e a União não pode desapropriar as fazendas porque as áreas são consideradas pequenas. “Elas têm mais ou menos 240 hectares. Propriedades desse tamanho só podemos adquirir por compra, não podem ser desapropriadas [para fins de reforma agrária]. De um lado, ficam os trabalhadores que não desistem da área e, de outro, os proprietários que não negociam”, disse a ouvidora.

Edilson Barbosa, do MST, disse que as propriedades foram fracionadas ilegalmente pelos fazendeiros para evitar a possibilidade de desapropriação. “Por isso, decidimos continuar e reocupar.”

O Incra em Pernambuco diz que está buscando áreas alternativas na mesma região para assentar as famílias que ocupam as duas fazendas.