Após o pregão apático de ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve ganhar maior robustez hoje, em linha com a melhora do desempenho nos mercados acionários internacionais. A ausência de notícias negativas e a renovação das esperanças para contornar a crise das dívidas na Europa e reanimar a recuperação econômica nos EUA encorajam os investidores a buscar ativos de risco hoje, com destaque para o avanço das commodities. Porém, a cautela e a volatilidade seguem revestindo os negócios, podendo limitar o fôlego de alta da Bolsa rumo aos 70 mil pontos. Às 11h14 (horário de Brasília), o índice Bovespa subia 1,08%, aos 70.307 pontos.

“Os problemas na Europa continuam, mas as notícias vêm e vão”, afirma o gestor de renda variável da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, ressaltando que hoje os mercados deixaram de lado as incertezas sobre a crise das dívidas europeia e os riscos de contágio para além dos países da periferia da zona do euro e se apoiaram no discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, que provocou uma onda de otimismo nos negócios. “A expansão dos benefícios fiscais para todos os cidadãos norte-americanos incentiva o consumo e é favorável à recuperação do país”, acrescenta.

Para ele, a agenda econômica fraca do dia ajuda os mercados a seguirem no rumo positivo. Na Europa, o destaque vai para a votação pelo Parlamento irlandês do orçamento para 2011 que, se aprovado, ativará o pacote de resgate ao país, ofertado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE). No calendário dos EUA, às 17 horas (horário de Brasília), saem os dados sobre o crédito ao consumidor em outubro e, às 19h30, o Instituto Americano do Petróleo (API, na sigla em inglês) publica o relatório semanal sobre os estoques de petróleo bruto e derivados no país.

Analistas lembram que, tradicionalmente, dezembro é um mês de ganhos para o mercado de ações e, ainda que a Bovespa não alcance a máxima histórica de pontuação, acima dos 73 mil pontos, os negócios locais tendem a reduzir a defasagem no desempenho em relação aos pares europeus e norte-americanos. “As perdas de novembro foram muito fortes (baixa de 4,2%) e a interrupção no ciclo de notícias negativas abre espaço para alguns ajustes técnicos”, comenta o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.