A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) se comprometeu a indenizar as famílias que moram no entorno da usina, em Santa Cruz, zona oeste do Rio, e foram atingidas pela emissão de fuligem no último domingo (26). A informação foi divulgada hoje (29) pela secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos. Segundo ela, o acordo foi feito no final da tarde de ontem (28) durante uma reunião com executivos da empresa.
Marilene Ramos informou que o valor da indenização não foi definido, mas deverá ser equivalente apenas aos gastos que os moradores tiveram para limpar dos bens atingidos. “A própria empresa vai fazer uma estimativa e nos comunicar o valor em breve”, disse.
Na ocasião, moradores reclamaram da “chuva de prata” que atingiu casas e carros nas proximidades da CSA. O agente de saúde Rogério da Silva, que mora na comunidade João XXIII, vizinha à usina, contou que o pó metálico foi absorvido por roupas que estavam penduradas no varal do terraço de sua casa.
“As roupas no varal ficaram sujas com o pó prateado. Isso nos deixa muito apreensivos porque pode causar problema de pele ou problemas respiratórios sérios. Aqui na comunidade, tem muitas crianças e idosos e eles são os que sentem logo tudo isso”, afirmou logo após a nova onda de emissões.
Segundo a secretária Marilene Ramos, a empresa informou que por causa de um defeito em um guindaste da aciaria, unidade que processa o ferro-gusa que sai dos fornos, foi necessário usar o poço de emergência para despejar o produto, de onde teriam partido as emissões.
A secretaria do Ambiente decidiu multar novamente a companhia por poluição ambiental e exigiu adequações para que seja expedida a Licença de Operação, prevista para ser concedida em fevereiro próximo, a fim de assegurar o funcionamento em definitivo. Atualmente, a companhia conta apenas com uma licença de pré-operação, fase em que todos os equipamentos e processos são testados.
O valor da multa ainda não foi estipulado, mas deve ser agravado por causa da reincidência. Em agosto, a companhia já tinha sido multada em R$ 1,8 milhão após problemas com um dos alto-fornos da siderúrgica, que também gerou emissão de fuligem na atmosfera.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da CSA apenas confirmou a reunião na tarde de ontem, entre representantes da companhia e a secretária do Ambiente, e informou que somente a secretaria está se pronunciando sobre o assunto.
A CSA é uma empresa da alemã ThyssenKrupp em parceria com a brasileira Vale.