Diferentemente do que havia dito no início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (3) que o vazamento de e-mails e correspondências de diplomatas dos Estados Unidos é grave e que serve de lição para que os representantes do governo americano tenham mais cuidado com o tráfego de informações. Logo após o site WikiLeaks divulgar informações sigilosas do governo norte-americano, Lula havia dito que o conteúdo vazado era “insignificante”.

Durante entrevista a correspondestes internacionais, no Rio de Janeiro, Lula ressaltou que o vazamento “machuca um pouco a nobreza da diplomacia mundial e o comportamento da diplomacia americana”.

“Quem deve estar preocupado neste momento [com os vazamentos] é o presidente [Barack] Obama. E isso é uma lição para, daqui para frente, os embaixadores passarem telegramas com mais responsabilidade. A gente não pode chegar no final do dia, ficar escrevendo qualquer coisa e mandar para o chefe”, disse Lula.

Na entrevista, Lula negou que Brasil tenha uma postura antiamericanista. “É bem possível que, no Brasil, tenha gente que não goste dos Estados Unidos. A minha posição, enquanto presidente da República, e a posição do meu país, enquanto decisão de nação, é a de que os Estados Unidos são um parceiro excepcional para Brasil, privilegiado. Temos relações políticas, comerciais, culturais muito importantes, mas não concordamos com algumas coisas que os Estados Unidos têm de posição. Não existe nenhum antiamericanismo da parte do Brasil”, ressaltou Lula.

“A relação entre os dois países é boa, foi boa com o [Bill] Clinton, com o [George W.] Bush e está sendo boa com o Obama. É, historicamente, boa a relação brasileira com os Estados Unidos”, reforçou.

No entanto, o presidente disse lamentar o que chamou de “olhar pequeno” dos americanos em relação ao Brasil e à América Latina. “A única coisa que eu lamento, e disse isso ao presidente Obama e ao presidente Bush, é que, muitas vezes, eles olham com olhar pequeno para a América Latina. Era preciso que eles tivessem uma dimensão maior do que representa o Brasil, a América Latina na relação com os americanos. Eles ficam muito preocupados com o Afeganistão, com o Oriente Médio e esquecem que o mundo é muito maior do que isso”, afirmou o presidente aos jornalistas estrangeiros.