O Dia Mundial de Luta contra a Aids foi marcado no Rio de Janeiro por uma manifestação silenciosa em frente ao Ministério Público do estado. O ato foi organizado pelo Fórum de Organizações Não Governamentais Aids do Estado do Rio de Janeiro, que reúne 120 entidades da sociedade civil no combate à doença. Segundo o fórum, o objetivo da manifestação foi mostrar que há descaso no tratamento de pacientes infectados no Rio.
Durante a manifestação, que também teve o finalidade de divulgar o protocolo de um pedido de adoção de providências para melhorar as políticas públicas de combate à aids, os participantes usaram roupas pretas e narizes de palhaço.
Para o secretário executivo do fórum, Willian Amaral, o governo adota um modelo de rede de saúde desarticulado, que não atende às necessidades das pessoas com HIV. Segundo ele, há problemas como falta de investimentos e de pessoal.
Amaral afirma também que, nas unidades federais, os funcionários estão se aposentando e não há reposição do quadro, como no caso do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, ligado à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). “É uma política para forçar a entrada de organizações sociais [OSs], e a gente entende que a terceirização do setor não é a solução”, avalia. Segundo ele, a média de óbitos no estado é de 1,5 mil pacientes por ano.
De acordo com a organização, também há problemas com relação à falta de medicamentos para tratar as infecções oportunistas, assim como a dificuldade de acesso ao vale-social, que dá direito à gratuidade no transporte público aos portadores de doenças crônicas. “Para dar entrada ou renovação, [o paciente] tem que esperar seis meses para obter uma resposta. Isso é um verdadeiro escândalo, um deboche com o cidadão”, criticou Amaral.
A Secretaria Estadual de Saúde ainda não se pronunciou sobre a manifestação.