Governo de Abbas saúda Brasil e Argentina por reconhecer Estado
O porta-voz do gabinete palestino, Ghassan Hatib, declarou nesta segunda-feira que os palestinos ficaram extremamente satisfeitos com a decisão da Argentina de seguir o exemplo do Brasil e reconhecer o Estado palestino com as fronteiras existentes em 1967.
“O Brasil é, sem dúvida, o pioneiro nesse processo, dando um exemplo que já foi seguido pela Argentina e que esperamos também seja seguido por outros países da América Latina”, disse o porta-voz palestino à BBC Brasil.
Na sexta feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta a seu colega da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarando que o Brasil reconhece o Estado Palestino nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, deflagrada em 1967, que incluem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.
O Brasil e a Argentina foram os primeiros países ocidentais a reconhecer o Estado Palestino, que já havia sido reconhecido por cerca de cem países da Ásia e da África.
O ministério das Relações Exteriores de Israel manifestou “pesar e decepção” com a decisão do presidente brasileiro e afirmou que o reconhecimento “prejudica o processo de paz”.
O Estado judeu considera ainda que o reconhecimento “constitui uma violação do acordo interino firmado em 1995, que estabelecia que o status da Cisjordânia e da Faixa de Gaza será determinado em uma negociação entre as partes”.
Pressão
Hatib afirmou que o presidente Abbas ficou “muito grato e otimista” após a declaração de Lula e “já previa que outros países iriam seguir o exemplo do Brasil”.
Para Ghassan Hatib, o reconhecimento tem uma importância diplomática “muito grande”.
“Se vários países da América Latina reconhecerem nosso Estado, haverá um impacto sobre toda a comunidade internacional, que poderá levar ao reconhecimento de um Estado Palestino independente, no próximo verão, pelo Conselho de Segurança da ONU”, disse.
O porta-voz também mencionou “efeitos concretos” do reconhecimento, como a transformação das representações diplomáticas palestinas em embaixadas e uma maior facilidade para a assinatura de acordos bilaterais envolvendo os palestinos.
Para o porta-voz, o reconhecimento crescente do Estado palestino poderá contribuir para o avanço do processo de paz, pois, segundo ele, “constituirá uma pressão sobre Israel para voltar à mesa de negociações”.
“Estamos dispostos a retomar as negociações a qualquer momento, mas Israel optou por ampliar os assentamentos em vez de negociar”, acrescentou.
Já a diretora do departamento de América Latina do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Dorit Shavit, disse à BBC Brasil que o reconhecimento do Estado Palestino “prejudica o processo de paz, pois diminui a motivação dos palestinos para retomar as negociações”.
“Se eles (os palestinos) podem conseguir um Estado sem negociar, para que negociar?”, questionou a diplomata israelense.