O programa de transferência de renda Família Carioca, da prefeitura do Rio de Janeiro, pretende retirar da pobreza 100 mil famílias, com um total de 440 mil pessoas, atendidas com verbas municipais. A iniciativa é complementar ao Bolsa Família, do governo federal, do qual usará o cadastro, e já é chamada de Bolsa Família 2.0, porque apresenta inovações em relação ao programa original.
O desenho e o acompanhamento do Família Carioca é da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo o economista da FGV Marcelo Nery, serão aplicados R$ 130 milhões por ano, com investimento mensal de R$ 108 por pessoa. O programa vai dar prioridade às pessoas mais pobres, concentradas em comunidades como a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão.
“É uma espécie de Bolsa Família 2.0, que vai ter muita atuação nessas comunidades. Quem é mais pobre recebe mais, quem é menos pobre recebe menos. É um tipo de elevador social”, disse Nery. “O Alemão é a região administrativa da cidade mais pobre, mas é um lugar onde as pessoas podem subir de vida agora, porque antes elas estavam sendo barradas pela criminalidade e pela insegurança.”
O lançamento do Família Carioca está marcado para o próximo dia 7, com as presenças do prefeito Eduardo Paes, do governador Sérgio Cabral e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as inovações para dar direito ao cartão do programa, estão a exigência de que as crianças em idade escolar tenham um mínimo de 90% de frequência, além da participação de pelo menos um dos responsáveis nas reuniões bimestrais na escola. Como forma de incentivo, os alunos que melhorarem o desempenho ao longo do bimestre terão um bônus de R$ 50.
Nery também desenvolveu um estudo recente sobre o Complexo do Alemão, apontada como a região mais pobre da cidade. O economista considera que a operação policial de retomada do espaço é uma oportunidade para levar melhorias sociais àquelas comunidades, com atividades econômicas e geração de renda.
“O choque de ordem da pacificação está causando uma valorização do capital. A redução da insegurança tende a dar uma melhorada na atividade econômica. Programas de crédito podem ser importantes. Vejo um grande reavivamento das atividades econômicas nessas áreas. Você dá segurança e faz o capital ressuscitar. Além de um choque de ordem, é preciso um choque de progresso”, afirmou Nery.
O economista disse que será preciso investir em projetos para incentivar a economia local e atrair de volta empresas e empregos, reativando uma característica histórica do Alemão, onde existiam grandes fábricas, que empregavam milhares de trabalhadores
“Tem que se pensar em microcrédito, em desenvolvimento de atividades produtivas. E atrair empresas para a região, que já foi industrial, alavancando a atividade econômica. A região é um celeiro de classe C, de pessoas que podem ascender à nova classe média, se forem dadas oportunidades. Além da UPP [Unidade Policial Pacificadora], é preciso entrar com a UPP social.”