Desde sábado, um grupo de 43 tropeiros viaja pelas cidades da região na 6ª cavalgada de burros e mulas organizada por Eduardo Breda Vicente, morador de Valparaíso. A comitiva, que reúne vários amigos de Bento de Abreu, Lavínia e Mirandópolis, deixou a cidade de Valparaíso na manhã de sábado, passando a noite em Indaiá do Aguapeí.

A cavalgada continuou no domingo até Flórida Paulista, com mais uma parada noturna; na segunda-feira viajaram até Junqueirópolis e, ontem de manhã, passaram por Dracena, onde almoçaram e seguiriam para dormir em Monte Castelo. De lá, a próxima parada seria Nova Independência, depois Andradina, passariam por Murutinga e dormiriam em Guaraçaí. Na sequência, visitariam Mirandópolis e seguiriam para Lavínia; depois de passar a noite, voltariam a Valparaíso no domingo, chegando ao meio-dia.

O percurso soma 297 km percorridos em nove dias, passando por 15 cidades, segundo Breda. Antes de definir o trajeto, é feita uma visita às cidades para conhecer o local, programar a distância, os pontos de descanso. A comitiva percorre em média de 30 a 45 km por dia. Os tropeiros conduzem um total de 196 animais, entre burros e mulas, viajando somente por estradas de terra. Durante a viagem, eles também vão amansando os animais xucros, trocando de montaria para não cansá-los. “Prezamos muito pela saúde dos animais”, afirmou Breda.

Cada membro da comitiva tem sua função. O ponteiro segue na frente, atrás vai o culatra e nos lados os fiadores; as ordens são dadas pelo comissário. Também não pode faltar o cozinheiro, que vem um pouco antes dos outros para preparar o almoço e jantar. Breda conta que o cardápio é composto de feijão gordo, arroz carreteiro, charque, frango caipira, porco, costela no tacho, linguiça frita, ovo e salada de tomate com cebola. “Em todas as cidades em que pernoitamos, convidamos prefeito, vereadores, participantes de outras comitivas e seus familiares para almoçarem ou jantarem com a gente”, ressaltou.

Ontem de manhã, a comitiva fez parada para almoço em Dracena, no recinto da Fapidra, a convite do presidente do Sindicato Rural, Eduardo Basso feito o ano passado. “É uma oportunidade para as pessoas conhecerem cavalgadas diferentes destas da região, que são de cavalos e menores.

Esta é de burros e mulas, com quase 200 animais, e a comitiva faz comida e dorme na estrada, como na época dos tropeiros”, disse.

Na comitiva é possível encontrar participantes dos 8 aos 67 anos, idade de Moacir Clemente, morador de Lavínia. Ele é o mais velho do grupo e acompanha a cavalgada de burros e mulas desde quando começaram. “Gosto das amizades. Desde os 12 anos trabalho com animais e gosto das cavalgadas, é a mesma coisa que se estivesse em um carro”, comenta.

Gabriel Santos Dias, de 15 anos, também participa das cavalgadas. Ele nasceu em Dracena, mas há quatro anos reside em Valparaíso. “Meu avô gostava das cavalgadas e fui me interessando. Venho sozinho, mas encontro pessoas da mesma idade e também faço novas amizades. Meus pais são meio rígidos, mas me deixam participar”.

Há também os filhos que acompanham os pais. Abílio Araújo, de Mirandópolis, veio junto com o filho Kauê, de 13 anos. “A cavalgada é uma paixão de sertanejo, sempre gostei e desde que meu filho tinha 5 anos já andava de burro. Aos 7 participou da primeira cavalgada. Ele que me incentiva a participar. É uma maneira saudável de aprender a viver”, destaca Abílio.

Kauê conta que a cavalgada sempre ocorre em janeiro, período de férias, e por isso não atrapalha na escola. Ele aprendeu a montar depois que o pai lhe comprou um burrinho e gosta de acompanhar a cavalgada. Entre as coisas engraçadas, ele cita os tombos da rede durante a noite e as brincadeiras de passar pasta de dente naqueles que estão dormindo.

Na comitiva também não faltam os contadores de histórias e a roda de violeiros.