Pela RJ-130, que liga Nova Friburgo a Teresópolis, foi possível chegar a comunidade da Prainha, próximo a Campo do Coelho, onde uma equipe do Exército resgatou, no início da tarde de hoje (17), quatro corpos de uma mesma família na localidade. Desolados, alguns moradores acompanharam do alto de uma laje a retirada dos corpos soterrados. “Aqui morreu muita gente, todos amigos nossos. A gente jogava futebol juntos”, disse o técnico agrônomo Peri Scardine, de 26 anos. “Agora nem sei como vou trabalhar. O meu patrão, eu sei que está bem. Os clientes, nem sei quem está vivo”.
Alguns quilômetros adiante, num local conhecido como Vale do Lago, à beira da RJ-130, uma enorme clareira se abriu na mata por causa dos deslizamentos de terra. Segundo moradores, casas luxuosas de até dois andares foram destruídas pela enxurrada e muitos corpos ainda estão soterrados.
Um morador que não quis se identificar disse que há uma caminhonete com quatro pessoas dentro, encoberta pela terra, “e muito mais gente que nunca vamos achar”, afirmou.
O soldador Maxwel da Silva, que estava em Campo do Coelho no dia da tragédia, disse que não consegue dormir direito desde a última quarta-feira (12). Ele, que ajudou a resgatar diversos corpos, resumiu o trauma: “Se dormir, tenho pesadelo. Se ficar acordado, eu vejo [o pesadelo]”.
As comunidades dessa região ficaram isoladas por quase uma semana. A RJ-130 só foi liberada ontem (16), mas ainda há diversos trechos com muita terra e entulho acumulados dos dois lados da pista.
Na altura do distrito de Vieira, já em Teresópolis, mais lama e casas destruídas. Muitas máquinas pesadas, como retroescavadeiras e caminhões, trabalham para remover toneladas de terra e entulho. Ao longo da estrada, foram montados vários abrigos e pontos de distribuição de roupas e comida, e onde também são prestados atendimento médico.