O chefe do Exército da Costa do Marfim disse que suas tropas se reservam o direito de retaliar os opositores, após dois dias de sangrentos confrontos. A declaração elevou as preocupações com a violência em meio à crise política no país. A maioria dos moradores da região de Abobo, na capital Abidjã, votou no líder opositor Alassane Ouattara, cuja vitória no segundo turno da eleição presidencial, realizado em 28 de novembro, é reconhecida pela comunidade internacional. O atual presidente, Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o poder, ainda controla o Exército.
As autoridades impuseram um toque de recolher em Abobo e enviaram um comboio de veículos militares para o local após o início dos confrontos, na terça-feira, iniciados depois de uma ação policial. Pelo menos quatro civis e sete policiais morreram.
“Com o objetivo de encontrar essas pessoas que atacam a república de dentro de seus esconderijos, as Forças Armadas da Costa do Marfim querem que todas as organizações de direitos humanos, bem como a comunidade nacional e internacional saibam que esses ataques contra nós são equivalentes a atos de guerra, o que nos coloca na posição de legítima autodefesa”, declarou o chefe do Exército, Philippe Mangou, em declaração lida ontem na televisão estatal.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) expressou profundas preocupações com a violência em Abobo. O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, disse que Ban pediu aos dois lados que “exercitem o máximo de comedimento e evitem novos confrontos”.
Gbagbo perdeu a eleição por cerca de nove pontos porcentuais, segundo os resultados certificados pela ONU. Um acordo de paz assinado após a guerra civil ocorrida entre 2002 e 2003 pede que a ONU atue como árbitro final das eleições, criando um mecanismo independente para determinar o resultado.