O primeiro dia de negociações dos representantes do Irã com a comunidade internacional sobre a questão nuclear acabou sem acordo. As reuniões prosseguem amanhã (22) em Istambul, na Turquia.

O embaixador iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Ali-Asghar Soltanieh, avisou que não será suspenso o projeto de enriquecimento de urânio. As informações são da agência estatal de notícias do Irã, a Irna.

O fim do enriquecimento é defendido por alguns líderes estrangeiros como garantia para o fim das restrições ao Irã. O processo de enriquecimento é considerado fundamental na fabricação de armamentos, segundo especialistas.

“A República Islâmica do Irã não vai suspender seu programa de enriquecimento”, disse Soltanieh. “Nós não vamos implementar a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas sob qualquer condição e não vamos interromper o processo de enriquecimento mesmo por um único momento.”

Participaram da primeira etapa das negociações representantes do Irã, do P5+1 (Grã-Bretanha, China, França, Rússia, Estados Unidos e Alemanha), do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da União Europeia. Houve uma reunião fechada entre o ministro de Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu, a representante da União Europeia Catherine Ashton e o chefe da delegação iraniana, Saeed Jalili.

De acordo com as autoridades do Irã, todos enfatizaram a necessidade da busca pelo diálogo com base no Acordo de Genebra – que estabeleceu quatro rodadas de negociações, sendo que esta de janeiro em Istambul é a primeira. A representante da União Europeia Catherine Ashton afirmou que o esforço será para alcançar um acordo e chegar a pontos comuns.

Os iranianos reiteraram que não há produção secreta de armas nucleares no programa desenvolvido por eles. “Nosso poder reside no conteúdo da Constituição, que destaca o direito de qualquer país de adquirir a ciência e a sabedoria”, afirmou Soltanieh.

Desde junho de 2010, o Irã está sob sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU e parte da comunidade internacional. As restrições pesam principalmente nos setores econômico e comercial. No entanto, houve um esforço dos governos do Brasil e da Turquia para evitar as punições ao intermediarem um acordo para a troca de urânio enriquecido com o Irã.

A proposta pretendia amenizar as restrições ao governo iraniano. Pelo acordo, o Irã enviará urânio levemente enriquecido a 3,5% para a Turquia e no prazo de até um ano receberá o produto, em menor quantidade, enriquecido a 20%. A proposta, no entanto, não foi aceita como um acordo pela maior parte da comunidade internacional.