A produção global de alimentos deve ser elevada, em pelo menos, 40% nas próximas duas décadas para evitar o aumento da fome global, indica o estudo britânico Foresight Report on Food and Farming Futures, divulgado hoje (24). Os 400 especialistas envolvidos na elaboração do estudo demoraram dois anos para concluir a pesquisa em 35 países. O relatório elogia as políticas sociais adotadas pelo Brasil nos últimos anos.
“A experiência brasileira dos últimos dez anos mostra que, se há vontade política, a pobreza e a fome podem ser diminuídas substancialmente”, afirma o texto. O estudo informa que se as políticas sociais não tivessem sido implementadas, a taxa de pobreza brasileira teria sido de 13% em vez de 8% durante o biênio 2004 e 2005.
As políticas, de acordo com o estudo, seriam resultado da combinação de “lideranças fortes de dois presidentes sucessivos e uma forte sociedade civil”. Para isto, os cientistas recomendam não descartar uso de tecnologias como modificações genéticas, clonagem e nanotecnologia.
O relatório britânico também recomenda mecanismos para que governos e produtores de alimentos prestem contas a respeito de seus progressos na redução da fome, no combate às mudanças climáticas, na degradação ambiental e no aumento da produção alimentícia.
“Sabemos que nas próximas duas décadas a população chegará a cerca de 8,3 bilhões de pessoas”, disse John Beddington, um dos cientistas responsáveis pelo estudo. “Temos 20 anos para produzir cerca de 40% a mais de comida, 30% a mais de água potável e 50% a mais de energia.”
O estudo enfatiza ainda a necessidade de mudanças na agricultura para que o aumento na produção não comprometa a sustentabilidade. Segundo os pesquisadores, não há “solução única” para o problema. A resolução deve ser o resultado do esforço conjunto em várias frentes, combinando o aumento da produção sustentável, de alimentos e energética, com as preocupações com mudanças climáticas.