Mais de 300 pessoas buscaram refúgio em um complexo da Organização das Nações Unidas (ONU) na cidade sudanesa de Abyei desde sábado, quando tiveram início confrontos entre as forças de segurança e um grupo de jovens, que resultaram na morte de três pessoas provenientes do norte do país.
Abyei fica na divisa entre o norte e o sul do Sudão. Segundo o tratado de paz assinado em 2004, a região deveria ter realizado um plebiscito para decidir se optava pela independência, mas a votação ainda não ocorreu.
A maioria das pessoas que buscaram refúgio são integrantes da tribo Misseriya, do norte do Sudão, e moradores de Darfur, no oeste do país. Eles são ameaçados por um grupo negro africano que quer que Abyei faça parte do Sudão do Sul, quando a área se tornar um país independente, em julho. “Eles são alvo de ataques e temem por suas vidas. É por isso que eles vieram” para o complexo, disse Kouider Zerrouk, porta-voz da missão de paz da ONU no Sudão.
Deng Arop Kuol, funcionário do governo em Abyei, disse hoje que a polícia da cidade trocou tiros com as forças de um grupo militar que agrega integrantes do norte e do sul do Sudão, após um “engano”. Não houve feridos de nenhum lado, afirmou. Mas após os disparos, “um grupo de jovens civis irritados decidiu brigar e foi quando o problema começou”, disse o funcionário. Três pessoas morreram e sete ou oito ficaram feridas, segundo ele. O governo de Abyei impôs um toque de recolher desde sábado e então a situação se acalmou, diz Kuol.