Milhares de manifestantes egípcios deixaram hoje (14) a Praça Tahrir – local que virou símbolo dos protestos no Cairo -, depois de a junta militar que assumiu o poder no Egito, na última sexta-feira (11), anunciar a dissolução do Parlamento e a suspensão da Constituição. Em um comunicado transmitido pela TV, o Comando Militar anunciou que ficará no poder por seis meses ou até a realização de eleições, inicialmente, previstas para setembro.
Hoje é feriado bancário no Egito. Independentemente do fechamento dos bancos e das ameaças de paralisação dos policiais, que reivindicam aumento de salário, o anúncio de eleições e da destituição do Parlamento foi celebrado por muitos manifestantes que permaneciam acampados na Praça Tahrir e que viram nisso um rompimento claro com o antigo regime.
No pronunciamento, o Comando Militar declarou ainda que irá formar um comitê para elaborar uma nova Constituição, que será depois submetida a um referendo popular. No poder desde 1981, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, renunciou na última na sexta-feira (11), depois de 18 dias de uma série de protestos no país, que gerou cerca de 300 mortos e 3 mil feridos, de acordo com as Nações Unidas, e levou à paralisação de serviços básicos.
Há informações, não confirmadas oficialmente, de que o comando militar estuda proibir reuniões de sindicatos e organizações profissionais, vetando na prática as greves, para forçar os egípcios a voltarem ao trabalho.
A Constituição egípcia, suspensa no domingo, proibia muitos grupos e partidos de participar em eleições, deixando o Egito na prática com um Parlamento dominado pelos apoiadores do Partido Nacional Democrata (PND), de Mubarak.
O opositor Ayman Nour, que concorreu contra Mubarak nas eleições presidenciais de 2005, descreveu as medidas anunciadas pelos militares como “uma vitória da revolução”. O primeiro-ministro Ahmed Shafiq disse que sua prioridade é restaurar a segurança no país.