Refugiado na África do Sul há quase sete anos, o ex-presidente do Haiti Jean-Bertrand Aristide, de 57 anos, quer retornar ao país. A informação é da porta-voz do ex-presidente, Marysse Nacisse, segundo informou a rede de televisão multiestatal Telesur, com sede em Caracas, na Venezuela. A porta-voz não disse quando Aristide pretende voltar a Porto Príncipe (capital do Haiti). Mas Marysse afirmou que a concessão do passaporte pelas autoridades haitianas foi comemorada.

Aristide foi presidente do Haiti em três momentos: em 1991; de 1994 a 1996; e entre 2001 e 2004. Os críticos enumeram denúncias de corrupção e violação de direitos humanos cometidos durante os períodos em que Aristide esteve à frente do poder haitiano.

O ex-presidente se viu obrigado a deixar o país em 2004, em meio a uma pressão popular para abrir mão do poder. A decisão de voltar ao Haiti depois de sete anos ocorre no mesmo momento em que o ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, também decidiu voltar ao Haiti.

Em 1996, Baby Doc foi derrubado por um movimento popular que tinha entre os seus líderes o ex-padre salesiano Jean-Bertrand Aristide que, quatro anos mais tarde, seria o primeiro presidente do Haiti eleito democraticamente. A possível volta de Aristide cria ainda mais expectativas para o segundo turno das eleições presidenciais, marcado para 20 de março.

A disputa eleitoral envolverá a ex-primeira-dama Mirlande Manigat e o músico Michel Martelly, ambos políticos de oposição. O candidato governista Jude Celestin ficou fora da corrida presidencial, por sugestão de uma comissão especial da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A OEA concluiu que houve irregularidades no processo eleitoral. A organização multilateral recomendou a substituição de Celestin por Martelly e aconselhou mudanças no formato das votações. Apesar de o segundo turno das eleições estar marcado para 20 de março, o resultado só será divulgado 11 dias depois.