O governo do Sudão ampliou a repressão à oposição, ao prender dez jornalistas de uma publicação do Partido Comunista antes de uma manifestação convocada para quinta-feira por ativistas inspirados na revolta egípcia.

Policiais armados dispersaram mais de 12 protestos realizados por jovens sudaneses em todo o norte do país nesta semana. Universidades foram cercadas, impedindo os estudantes de saírem às ruas.

Os manifestantes protestam contra a pobreza e conta restrições à liberdade. São protestos pequenos, mas disseminados. Centenas de pessoas foram detidas ou agredidas, e cerca de 50 ativistas continuam presos ou desaparecidos. Entre os presos estão o líder oposicionista islâmico Hassan al Turabi e 12 seguidores seus.

Siddig Youssef, dirigente do Partido Comunista, disse que agentes prenderam dez jornalistas do jornal Al Midan após uma reunião da aliança oposicionista na noite de quarta-feira. Ele acrescentou que Hassan Gattan, membro do comitê central do partido, também foi detido durante a noite na sua casa.

Duas jornalistas foram soltas, mas outros oito profissionais permanecem detidos, segundo Gattan. As autoridades não comentaram o fato.

O Sudão enfrenta uma crise econômica devido à inflação elevada, e também está vulnerável politicamente devido à secessão do sul do país, decidida num referendo neste mês e vista por muitos no norte como uma tragédia.

Além disso, o presidente Omar Hassan al Bashir é procurado pelo Tribunal Penal Internacional devido a supostos crimes de guerra e genocídio na região de Darfur. Muitos sudaneses acham que isso significa que qualquer movimento de massas para tentar derrubá-lo terminará em banho de sangue.

A entidade Human Rights Watch condenou o governo pelo uso da “força excessiva”, e ativistas anunciaram seu primeiro “mártir”, embora a polícia negue que tenham ocorrido mortes nos protestos.

Há protestos planejados para a quinta-feira em todo o país, mas a violência no vizinho Egito –país com o qual os árabes sudaneses se sentem muito ligados– pode impedir que as manifestações se ampliem.