O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) vai construir uma usina de processamento de cana-de-açúcar capaz de gerar o triplo da energia elétrica produzida em empreendimentos desse tipo já existentes no Brasil. A usina deve entrar em atividade em três anos no município de Piracicaba, no interior de São Paulo, e servirá de modelo ao setor sucroalcooleiro.
O projeto da usina foi apresentado hoje (14) ao ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e ao vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Os governo federal e estadual vão investir, junto com empresas, na construção da planta piloto, que custará R$ 110 milhões.
A ideia do projeto é testar a eficiência da tecnologia de gaseificação do bagaço da cana-de-açúcar. Na gaseificação, o bagaço é posto em uma caldeira e queimado por uma espécie de maçarico gigante. Da queima é gerado um gás que move um gerador e produz energia elétrica.
Esse processo já é conhecido pelos pesquisadores brasileiros, mas ainda não é aplicado em grande escala. A usina do IPT será a primeira a fazer isso com um grande volume de bagaço de cana.
Se o potencial for comprovado, especialistas estimam que o Brasil “ganharia uma nova Itaipu” só com o aumento da produtividade das usinas. “O processo pode triplicar o potencial de geração de energia das usinas”, afirmou o diretor superintendente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Nilson Zaramella Boeta. “Seria uma outra Itaipu produzindo energia.”
Em 2009, por exemplo, o Brasil colheu 650 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Essa quantidade gerou 210 milhões de toneladas de biomassa. Segundo o IPT, caso essa biomassa fosse gaseificada, geraria R$ 24 bilhões em energia elétrica.
Para Mercadante, o projeto da usina piloto é importante porque trata de um setor no qual o Brasil é líder, o sucroalcooleiro, e também de uma tecnologia sustentável. “A usina vai potencializar a produção da energia através do bagaço da cana. Em da queima, vamos ter o uso para produção de energia limpa”, afirmou o ministro, após conhecer o projeto.
O vice-governador Afif Domingos ratificou o apoio do governo paulista à iniciativa. Disse que o projeto é importante e segue uma linha que deveria ser exemplo para outros centros de pesquisa do país. “A aproximação da ciência com interesse de empresas é sinônimo de inovação. É isso que perseguimos.”