Forças de segurança foram mobilizadas nesta segunda-feira nas ruas de Teerã para impedir a oposição de realizar uma manifestação em solidariedade às revoltas populares do Egito e Tunísia, segundo testemunhas.
As autoridades rejeitaram um pedido dos líderes oposicionistas Mirhossein Mousavi e Mehdi Karroubi para realizar o protesto, e alertaram os reformistas a não criarem uma “crise de segurança” como a ocorrida durante os protestos que se seguiram à polêmica eleição presidencial de 2009.
Apesar da proibição, a oposição reiterou a convocação para o protesto.
“Há dezenas de policiais e forças de segurança na avenida Vali-ye Asr (…). Eles bloquearam as entradas das estações de metrô na área”, disse uma testemunha à Reuters por telefone.
Outra fonte afirmou ter visto carros da polícia com as janelas cobertas por cortinas pretas, estacionados perto da temida prisão de Evin.
O site Kaleme, de Mousavi, disse que a polícia bloqueou a rua que dá acesso à casa do dirigente, na zona sul de Teerã, e que o contato por telefone fixo e celular também foi interrompido. Outro site oposicionista informou que Zahra Rahnavard, mulher de Mousavi, foi proibida de sair de casa por policiais à paisana.
As rebeliões populares no Egito e na Tunísia tiveram grande repercussão no Irã. O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, qualificou-as como um “despertar islâmico”, evocando uma comparação com a Revolução Islâmica de 1979 no Irã.
Mas a oposição diz que as revoltas têm mais semelhanças com os protestos realizados por liberais do Irã depois das eleições de junho de 2009, marcadas por suspeitas de fraude em favor do presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad. A onda de protestos de 2009 foi reprimida com brutalidade pela Guarda Revolucionária, e pelo menos dois participantes foram executados.
Na sexta-feira, o país celebrou os 32 anos da Revolução Islâmica e a TV estatal mostrou repetidamente imagens de um ato público patrocinado pelo governo. Durante a noite, no entanto, era possível ouvir pela cidade gritos de “Allahu Akbar” (Deus é grande), tática recomendada pela oposição, imitando os revolucionários de 1979.
Depois da repressão aos protestos de 2009, muitos iranianos relutam em participar de novas manifestações. Mesmo assim, a convocação da oposição ganhou impulso nas redes sociais, e mais de 56 mil pessoas confirmaram pelo Facebook sua intenção de aderir ao protesto.